Visão Cética do Banco Suiço UBS sobre Bitcoin

Antes de partir para os finalmente sempre é importante fazer aquele alerta básico: Não estamos orientando, sugerindo ou indicando a realização de operações com criptomoedas. Se eventualmente você vai se aventurar nessa empreitada procure se informar muito bem antes de tomar qualquer iniciativa. Muitas pessoas já perderam dinheiro, não seja a próxima vítima.

Feitos os esclarecimentos iniciais, no final do ano passado postamos uma série chamada Tese de Investimento em Bitcoin com base em relatórios otimistas da empresa Fidelity. Agora voltamos ao tema com um relatório bem mais conservador do Banco Suiço UBS. Como sempre recomendamos que acessem a fonte original (link no final da postagem), fizemos um resumo (é verdade este bilhete, não é outra novela) apenas para aqueles três leitores que eventualmente tem alguma dificuldade com a língua inglesa, como é o meu caso.

A – Sobre o Banco UBS

A UBS (I) é uma empresa global que tem sede em Zurique, na Suíça. Ela presta serviços financeiros em cerca de 50 países sendo um dos principais bancos globais que atuam no segmento de grandes empresas, famílias de alta renda, governos e clientes institucionais tais como Seguradoras, Fundos de Pensão e Fundos de Investimento. A atual estrutura do banco UBS é resultado da fusão entre dois bancos Suíços: Union de Banques Suisses (Union Bank of Switzerland) e Societé de Banque Suisse (Swiss Bank Corporation) que foi concretizada em julho de 1998. A Union de Banques Suisses é resultado da fusão do Bank in Winterthur criado em 1862 e Toggenburger Bank criado em 1863, fusão que ocorreu em 1912. Essas datas são relevantes para indicar que são bancos que nasceram no século 19. Seus serviços são prestados através de cinco divisões: *Wealth Management, Wealth Management Americas, Personal & Corporate Banking (disponível apenas na Suíça), Asset Management e Investment Bank. Wealth Management é a área responsável pela gestão de grandes fortunas.

B – “Are cryptos currencies?” em tradução livre “As criptos são moedas?”

Num vídeo publicado no twitter oficial do Banco UBS (II) no dia 19/01/21 e segundo um relatório publicado pela Bloomberg que não acessei o economista-chefe da área de gestão de grandes fortunas (Global Wealth Management) Paul Donovan disse que as criptomoedas não serão capazes de substituir as moedas fiat porque não há controle sobre a emissão destas criptomoedas. Ou seja, para ele é preciso controlar a quantidade de dinheiro injetando ou retirando o volume de dinheiro em circulação para manter seu valor estável, um controle que o bitcoin, por exemplo, não permite. No texto ele não cita a existência do limite pré-estabelecido de emissão de bitcoins para que a sua produção seja encerrada na casa dos 21 milhões de bitcoins. Para Donovan essa produção constante de criptomoedas, que não pode ser interrompida, pode fazer com que seu valor entre em colapso e para ele esse é um ponto fraco das criptomoedas.

É importante perceber que logo no começo o autor já indica e demarca qual é o foco do seu comentário, que é responder a uma questão objetiva: cripto é dinheiro (como nós conhecemos e usamos no dia a dia)? Pensando em termos essencialmente práticos e objetivos, no dia a dia do mundo real em que nós vivemos atualmente a resposta não poderia ser outra. Mesmo que o bitcoin tenha surgido com o objetivo de se tornar um meio de pagamento confiável eliminando intermediários essa realidade ainda está distante e pode até não se concretizar. Vamos tentar entender o que ele disse a partir de uma publicação no site financemagnates (III).

Para Donovan “… actual currencies as a stable store of value and said that fiat currencies provide certainty.” em tradução livre: as moedas fiat são reserva de valor estável e confiável. Donovan está apenas ressaltando um dos papéis, talvez o principal de um banco central. Veja abaixo qual é a missão do Banco Central do Brasil.


Imagem retirada do seguinte link: Banco Central do Brasil

Na visão de Donovan moeda estável é aquela que garante ao seu possuidor a certeza de que no dia seguinte ele poderá comprar uma cesta com os mesmos produtos que ele compra hoje com a mesma quantidade de moeda. Essa certeza é garantida pelos bancos centrais que injetam ou retiram dinheiro em circulação de acordo com a demanda. Caso queira entender em detalhes como o banco central faz esse papel consulte o material em pdf chamado Funções do Banco Central (IV).

Essa postagem foi feita logo depois da oscilação do preço das criptomoedas no decorrer do mês de janeiro quando o bitcoin, por exemplo, oscilou cerca de 10 mil dólares caindo da casa dos 41 mil dólares para a casa dos 31 mil dólares em poucos dias. Para ele essa volatilidade torna improvável que as pessoas queiram usar criptomoedas para realizar pagamentos.

Fazendo um comentário sobre o que ele disse, no geral concordamos quando ele diz que as criptos não são dinheiro, ou seja, não servem para uso no dia a dia e a volatilidade não ajuda. É claro que não dá para debater um assunto com alguma profundidade no twitter e nem mesmo em vídeos de alguns minutos. Vale a pena lembrar que ele fala basicamente para clientes que vivem no hemisfério norte e no seu dia a dia usam Libra, Euro, Dólar etc. Mesmo que tenha indiretamente feito algumas críticas em relação as criptomoedas ele respondeu a uma pergunta básica, se criptomoeda pode substituir dinheiro, nada mais do que isso. Mas não se engane ou se iluda achando que esse tipo de gente não entende nada de criptomoedas.

C – O que diz o Banco UBS diz para seus clientes?

Num relatório publicado principalmente para seus clientes, em 14/01/21, chamado A Ascenção do Bitcoin (V) assinado pelo Diretor Global de investimentos em Mercados Emergentes Michael Bolliger (Zurique), pelo economista-chefe Paul Donovan (filial de Londres) e pelo analista Sundeep Gantori (filial de Cingapura) disponibilizado para clientes do UBS em formato FAQ ou perguntas e respostas foram tratadas algumas questões sobre criptomoedas com foco no bitcoin. A frase inicial da resposta para a primeira pergunta é esclarecedora: “Muitos clientes estão perguntando se devem investir em Bitcoin e outras criptomoedas” e o UBS, em resumo, disse o seguinte para seus clientes: “embora não possamos descartar novos aumentos de preço, somos um tanto céticos quanto ao seu uso no mundo real e por causa disso torna-se difícil estimar qual é o valor justo do Bitcoin e de outras criptomoedas.”

O negrito é por nossa conta e já fica a dica: o UBS está dizendo que para recomendar um investimento ele avalia o preço justo de um ativo, é o que todos fazem ou deveriam fazer antes de investir. E no caso do bitcoin e das demais criptomoedas, uma das coisas que o UBS deixa claro no relatório é o fato de que ele não sabe definir um preço justo para este tipo de ativo.


Print retirado de: http://secure.ubs.com/public/api/v2/investment-content/documents/vrhXD0cLhRonxvFcUTYq5A?apikey=Y8VdAx8vhk1P9YXDlEOo2Eoco1fqKwDk

1 – Devo comprar?

De forma objetiva e direta a orientação da UBS para seus endinheirados clientes que estão interessados em comprar é a seguinte: devem investir o montante que suportam perder (em português é o dinheiro da pinga) e deixando uma porta de saída em vista.

Para a UBS os preços podem continuar subindo no curto prazo por causa da entrada dos investidores institucionais, maior atenção da mídia, forte presença nas redes sociais e pela tese da escassez programada.

Por outro lado, citando os casos do navegador Netscape e da rede social MySpace que foram populares e acabaram desaparecendo a UBS alerta que o sucesso inicial não garante sucesso futuro (um conceito bem difundido no mundo das finanças onde se diz que retorno passado não é garantia de retorno futuro). Para a UBS existe possibilidade de sufocamento pela criação de medidas regulatórias ou pelo surgimento de criptomoedas mais bem projetadas. Outro aspecto citado é o fato de o avanço em importância atrair mais atenção dos legisladores que tendem a impor mais normas regulatórias para controlar a estabilidade financeira do mercado. Como exemplo citam o caso do Reino Unido que proibiu o acesso de clientes de varejo a alguns tipos de operações financeiras baseadas em derivativos de criptomoedas.

Vale fazer uma observação à parte sobre a questão do dinheiro de pinga e sobre esse mundo da gestão de grandes fortunas. Se para alguns pinga é aquela garrafa de “51” que se compra no mercadinho da esquina ou a cerveja do fim de semana, para outros pinga pode ser o conhaque Henri IV Dudognon Heritage Cognac (VI) que sai por apenas 2 milhões de dólares cada garrafa ou mais de 10 milhões de Reais. Esse preço você paga pelo ouro, pela platina e pelos diamantes que vem colados na garrafa. Não entendo nada de nada, muito menos de bebidas alcoólicas e peguei o primeiro site que apareceu na minha pesquisa, mas também notei que no Mercado Livre existe muita oferta de bebidas e vi ofertas na faixa dos 30 mil reais que já acho demais.

2 – Quem está comprando?

Citando artigo do Financial Times com o título “O ano em que o Bitcoin se tornou institucional” se referindo a 2020 o relatório da UBS cita a crescente aceitação dos grandes gestores de ativos. Diz ainda que a regulamentação dos processos de oferta e custódia e o surgimento de entidades mais confiáveis atuando na intermediação das criptomoedas deu mais confiança e atraiu mais investidores. Cita como exemplos a entrada do Guggenheim Funds que é ligado ao museu de mesmo nome que pretende investir 500 milhões de dólares em bitcoins, o Massachusetts Mutual Life Insurance Co. que investiu 100 milhões de dólares e interesse demonstrado pelo gestor de fundos Paul Tudor Jones. A adoção do bitcoin pela empresa PayPayl também é citada como fator de influência no mercado. Por outro lado, o relatório diz que investidores de varejo estão se tornando ativos novamente. Esse interesse é baseado na quantidade de pesquisas sobre criptomoedas, aumento no volume de transações e na quantidade de novas carteiras digitais citando que somente na empresa Blockchain.com que é líder no mercado de carteiras digitais de criptomoedas foram criadas 10 milhões de novas carteiras em três meses, quantidade equivalente ao total de carteiras criadas no ano anterior. Apesar de não ser um dado conclusivo porque um usuário pode espalhar suas criptomoedas por várias carteiras existe um dado que volta e meia é citado como fator de concentração e possível motivo capaz de influenciar no aumento de preço que é o fato de 95% das criptomoedas estarem vinculadas a apenas 2,5% das carteiras.

Em resumo, todo tipo de gente está comprando, pequenos investidores, médios e chegando nos grandes que não estavam presentes no rali de 2017.

3 – Por que as pessoas estão comprando?

Segundo o relatório do UBS são três os fatores que levam alguém a comprar criptomoedas. O primeiro fator citado é a adoção do bitcoin como parte de uma estratégia mais ampla de investimentos (carteira diversificada) esperando que o bitcoin se consolide efetivamente no mundo digital, talvez como um sistema mundial de pagamentos. O segundo fator é o temor cada vez maior das políticas heterodoxas dos bancos centrais que em resumo significa injeção de dinheiro na economia tendo como resultado provável a geração de inflação e no limite hiperinflação. Neste caso a visão dos compradores é de que o bitcoin pode ter um papel semelhante ao de metais preciosos e algumas comodities, atuar como um ativo que preserva valor diante da perda de valor do dinheiro fiat. O terceiro e último fator é o FOMO (Fear of Missing Out) que é o medo de ficar de fora. Muitas pessoas compram apenas porque outros estão comprando e não querem ser os perdedores. Um dos motores que alimenta essa síndrome é a esperança de comprar algo para vender depois por um preço mais alto, geralmente a curto prazo.

4 – É uma bolha?

Para dizer se é uma bolha ou não é preciso saber qual é o preço real, esse é um desafio quando se trata de avaliar o valor intrínseco de uma criptomoeda. Segundo o relatório as formas de avaliação apontam para uma expectativa de uso no futuro. Citando a lei de Metcalfe (VII) o relatório da UBS diz que o valor de uma rede é proporcional ao quadrado do número de usuários da rede. A partir dessa constatação o relatório remete a definição do valor de uma criptomoeda para o futuro vinculando seu preço ao seu sucesso ou fracasso. Resumindo o relatório diz que as projeções atuais do preço no futuro não são precisas. No caso do bitcoin o valor estimado parte do zero e chega na casa dos 400 mil dólares dependendo da forma como é avaliado. Para os autores do relatório apenas o tempo pode responder qual é o valor de uma criptomoeda a partir da sua adoção ou não e por consequência na sua valorização pelo uso. Citando o livro Manias, Pânicos e Crises: Uma história das catástrofes econômicas mundiais de Charles P. Kindleberger alguns critérios que indicam a presença de uma bolha de preços num ativo estão presentes no caso das criptomoedas: entrada constante de novos investidores comprando um ativo, narrativa que se adapta ao momento dizendo que desta vez vai ser melhor ou diferente e aumentos rápidos de preço. Fica o alerta.

5 – O Bitcoin e outras criptomoedas podem ajudar a diversificar os portfólios?

É um dos argumentos mais utilizados pelos grandes investidores para alocar parte dos recursos sob sua gestão em criptomoedas. Segundo o relatório do UBS a resposta a esta questão também esbarra na definição de uma forma confiável do valor do bitcoin. Sem responder de forma objetiva a esta questão o relatório conclui explicando que a importância da diversificação não está apenas na diversificação em si. Os ativos que compõe a diversificação precisam ser escolhidos levando em consideração fatores como simetrias e assimetrias. Abrimos um parênteses para incluir uma breve explicação a respeito. Uma carteira diversificada deve ter entre os ativos escolhidos um pequeno percentual que ofereça resultados diferentes da maioria dos demais ativos, ou seja, se porventura a maioria dos ativos estiverem perdendo valor esta pequena parte deveria estar se valorizando, indo numa direção contrária no cenário ideal e num cenário razoável deveria pelo menos manter o valor ou não se desvalorizar. O desafio é escolher qual é esse ativo. No caso do bitcoin algumas vezes ele se comporta como esse tipo de ativo e em outras ele se descola e vai numa direção contrária. Voltando ao relatório, é por causa disse que a estimativa confiável de preço no futuro, que não é possível fazer com algum grau de precisão, de acordo com o UBS, é um obstáculo para responder de forma mais assertiva esta questão.

6 – O que poderia causar uma reversão das tendências atuais?

Na pergunta 3 o relatório tentou explicar por que as pessoas estariam comprando. Neste ponto o relatório tenta explicar por que as pessoas poderiam vender. Alertando para o fato de que os preços das criptomoedas são muito voláteis o relatório indica que a entrada dos investidores institucionais pode aumentar ainda mais essa volatilidade. De acordo com o relatório a entrada dos investidores institucionais pode estar sendo motivada por razões de oportunidade de mercado, visando apenas fins especulativos. Se for esse o caso grandes volumes de bitcoins que foram comprados nos últimos meses pelos investidores institucionais podem ser despejados de volta no mercado e isso certamente fará o preço despencar bastante, pelo menos a curto prazo. Abrindo mais um parênteses, vale lembrar que investidores institucionais tem margens específicas para compor suas carteiras. Um aumento expressivo no preço desequilibra o percentual alocado num ativo e obriga o gestor a recompor sua carteira vendendo parte do ativo que valorizou para recomprar outros ativos necessários para reequilibrar sua carteira. Outro fator que é citado pelo relatório como possível motor de vendas é a quase inexistência de barreira de entrada de novas criptomoedas. Contam-se aos milhares a atual quantidade de criptomoedas e a cada dia vão surgindo novos lançamentos. A questão mais sensível neste mercado é a construção da confiança que só vem com o tempo. Existe um risco de uma nova criptomoeda tornar-se a “queridinha” do mercado por exemplo sendo ecologicamente mais limpo ou por ter apoio de uma grande empresa ou de um governo. Citando como exemplo os casos do YouTube e do Facebook que poderiam ter seus códigos replicados com certa facilidade, mas a parte difícil seria convencer os atuais usuários a migrar para a nova plataforma. O terceiro ponto do relatório que pode fazer o preço cair ou mudar seu rumo no mercado de compra para venda é a questão regulatória. De acordo com o relatório até agora talvez o projeto Libra do Facebook seja aquele que mais sofreu com aspectos regulatórios. No geral, de acordo com o relatório, as autoridades ainda não se voltaram com mais afinco para este mercado, salvo algumas preocupações com o uso para fins criminosos ou a proibição de operações mais arriscadas como as do mercado futuro para investidores menos calejados. De acordo com o relatório, se houver um aumento na regulação desse mercado uma das questões afetadas poderá ser o preço. Como exemplo de um efeito que pode ser causado por algum governo ou algum agente de controle ou vigilância de mercado o relatório cita a queda de cerca de 70% no preço do XRP após abertura do processo movido pela SEC contra a Ripple.

7 – A volatilidade do Bitcoin e de outras criptomoedas diminuirá com o tempo?

Para os analistas que assinaram o relatório do UBS a limitação da quantidade de bitcoins é um fator que contribuiu para a volatilidade. Se existe uma quantidade limitada de algo e muitas pessoas estão comprando ou até mesmo vendendo esse algo o preço pode oscilar muito. A curto prazo os analistas da UBS entendem que a volatilidade do bitcoin e de outras criptomoedas continuará existindo. Também contribui para essa volatilidade fatores já citados anteriormente como o sentimento dos investidores que podem impulsionar o mercado numa direção ou em outra rapidamente. Uma eventual estabilização do bitcoin no futuro como um tipo de investimento, reserva de valor ou meio de pagamento não implicará necessariamente numa redução da volatilidade. Essa queda da volatilidade para níveis mais razoáveis deveria resultar da própria estabilização do mercado com oferta e demanda em níveis próximos que manteriam os preços sob controle. Esse tipo de equilíbrio é visto como algo bem distante. Quando os preços sobem os interessados compram cada vez mais e isso aumenta mais ainda o preço e acelera a volatilidade. O mesmo ocorre quando o preço começa a cair, as vendas aumentam e os preços caem mais ainda.

8 – O Bitcoin pode ser usado como uma verdadeira alternativa ao dinheiro?

O bitcoin foi originalmente projetado para se tornar uma forma digital e confiável de pagamento. A volatilidade é considerada como um dos principais obstáculos para a sua adoção como meio de pagamento. Considerando que essa volatilidade pode ser constante a dificuldade aumenta ainda mais. O relatório cita a existência das moedas vinculadas a ativos mais estáveis como dólar (exemplo: Tether - USDT) como uma tentativa de manter a volatilidade sob controle.

Em resumo, neste momento a sua adoção como alternativa ao dinheiro não é viável por causa da volatilidade. Abrimos o centésimo parênteses para dizer que na nossa visão não ficou claro no relatório se a volatilidade foi tratada com foco no usuário que compra um produto ou paga por um serviço ou se foi analisado pela ótica de quem vende ou presta algum tipo de serviço. Num e no outro lado a volatilidade cobra seu preço. Os preços dos produtos e serviços geralmente são definidos com base em parâmetros (equivalência) da moeda corrente (fiat). A cada compra, venda ou serviço prestado é inevitável que se faça a conversão. Num cenário improvável em que todos os preços da cadeia econômica sejam definidos em bitcoins, por exemplo, talvez essa volatilidade perca a importância.

9 – Quais são as diferenças econômicas entre as criptomoedas e as moedas digitais de um banco central?

Nos últimos anos tem avançado a questão das CBDC’s (Central Bank Digital Currencies). De acordo como relatório a vantagem do CBDC é oferecer acesso a dinheiro digital sem riscos que dá acesso a um sistema de pagamentos rápido e seguro. Com tantas vantagens e podendo dispensar a intermediação dos bancos comerciais por que estes bancos continuariam sendo necessários? De acordo com o relatório é improvável que um banco central se disponha a abrir, manter e controlar todas as operações financeiras (conta corrente, empréstimos, investimentos, pagamentos, operações cambiais etc.) de milhões de clientes. Sendo um CBDC praticamente o equivalente a dinheiro fiat seu uso será muito mais abrangente e facilitado. De acordo com o relatório os bancos centrais seriam capazes de regular o estoque de CBDC’s em circulação reduzindo ou aumentando a oferta para mantê-lo estável, coisa que as criptomoedas não conseguem fazer.

Em resumo, a grande diferença entre um CBDC e uma criptomoeda é o fato de um CBDC ser economicamente equivalente ao dinheiro sem restrições de aceitação dentro dos limites territoriais do país onde foi criado.

Obs.: Todos os direitos do relatório “The Rise of Bitcoin” citado nesta postagem pertencem ao UBS.

I – Our history | UBS Global

II - https://twitter.com/UBS/status/1351570433255088133

III - https://www.financemagnates.com/cryptocurrency/news/cryptocurrencies-have-fundamental-flaws-says-ubs-economist/

IV - https://www.bcb.gov.br/content/cidadaniafinanceira/Documents/publicacoes/serie_pmf/FAQ%2011-Funções%20do%20Banco%20Central.pdf

V - http://secure.ubs.com/public/api/v2/investment-content/documents/vrhXD0cLhRonxvFcUTYq5A?apikey=Y8VdAx8vhk1P9YXDlEOo2Eoco1fqKwDk

resumo do relatório: Should I buy Bitcoin? | UBS Global

VI - Bebidas mais caras: As 10 bebidas mais caras do mundo! Será que vale a pena? • Beard

VII - Lei de Metcalfe: Lei de Metcalfe – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Muito bom, @Cecilio ! Sempre leio análise com relação ao mundo cripto. Confesso que não tem muito novidade com relação a outros 'esclarecimento ’ de grandes instituiçoes sobre investimentos em critpo. Mas me chamou a atenção a fato,

Realmente é uma ótima análise a favor do bitcoin. Eu ainda não tinha pensado, ou lido sobre tal argumento.
Ainda temos muito á descobrir nesse universo. E niguém sabe, o que realmente estar por vir. Isso é o mais legal. rs

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