TerraUSD - White paper em português e Comentários

Quem já leu um paper de alguma criptomoeda sabe como elas são feitas. Geralmente são criações que visam se tornar maiores e melhores do que outro projeto semelhante. Um exemplo claro e concreto desse tipo é o Ethereum que nasceu basicamente para fazer coisas que o Bitcoin não faz. De todos os projetos que vieram depois o Ethereum é aquele que tem se mostrado mais consistente e resiliente, que tem uma excelente equipe de desenvolvedores trabalhando nele, aliás como trabalha essa gente que desenvolve o Ethereum.

Desde que o Bitcoin foi criado lá em 2009 já surgiram diversas alternativas propondo melhorias e querendo equacionar “problemas” do Bitcoin, tais como a volatilidade, tamanho dos blocos, demora para mineração/processamento das transações, alto consumo de energia com uso do PoW – Proof of Work, “falta de lastro” etc.

Um destes projetos nasceu em abril de 2019, na Ásia, pelas mãos de Do Kwon e Daniel Shin e trouxe como principal objetivo criar uma criptomoeda estável (stablecoin) que não sofreria oscilações nos preços como acontece com o Bitcoin. A stablecoin TerraUSD nasceu ligada a um token chamado de Luna e ambos fazem parte do ecossistema Terra e rodam no mesmo Blockchain Terra. Um fato que me pareceu novo (talvez porque eu não acompanho outras criptos além do Bitcoin) é o fato deste projeto poder criar várias stablecoins não se limitando a apenas uma. Além do TerraUSD poderiam nascer outras stablecoins como TerraEUR, TerraSDR etc (sobre SDR veja a observação [06] mais abaixo). Junto com tudo isso também foi criado uma fundação, a LFG - Luna Foundation Guard, que também existe em outros projetos deste tipo. Além disso há incentivo para criação de aplicativos descentralizados (dApps) baseados nesta plataforma, dos quais possivelmente o “Anchor” seja o mais conhecido deles. Falando nisso e como não sei nada sobre Finanças Descentralizadas ou Defi não vou me arriscar ou tocar no assunto, mas me parece que a ideia de deixar criptomoedas depositadas (bloqueadas) por algum tempo para receber rendimentos como se estivessem depositados num banco tradicional a título de “investimento” ou para ter “renda passiva” me parece bem arriscado neste mundo virtual e sem fronteiras.

No link abaixo é possível entender um pouco como funciona o aplicativo Anchor:

No link abaixo é possível entender um pouco sobre o que é renda passiva com criptomoeda, processo conhecido como staking:

Os links acima foram postados única e exclusivamente para fins de leitura e entendimento que é necessário para melhor compreensão do funcionamento do ecossistema Terra, ou seja, não se trata de indicação, sugestão ou recomendação de investimento nesta modalidade.

Outra novidade (para mim) é o fato de ser possível criar uma stablecoin sem “lastro” ou garantia física (moedas como dólar ou euro, metais preciosos como ouro ou prata, comodities como petróleo etc.). Quando as stablecoins surgiram elas tinham como principal atrativo a “garantia” de que estaria depositado em algum lugar quantia equivalente de um “lastro” na paridade de 1:1 com a stablecoin. Para minha surpresa já estamos numa época em que a estabilidade é garantida por algoritmos (virtualmente). Falar depois que algo acontece é fácil, mas para alguém que não entende nada de programação e muito pouco deste universo das criptomoedas não me pareceu coisa boa.

O site coinmarketcap lista um total de 34 criptomoedas e tokens ligados ao ecossistema Terra que você pode conferir no link abaixo:

Até o dia em que esta postagem é publicada ainda não se sabe ao certo por qual motivo o projeto desandou e a estabilidade acabou se desestabilizando. Basta fazer uma pesquisa no Google para encontrar notícias das mais variadas ou se preferir no YouTube onde existem vários vídeos explicando ou tentando explicar o que aconteceu. Vai do seu gosto e do seu viés. Nessas horas os “conspiras” fazem a festa pelo mundo afora, veja um pouco mais sobre isso no link abaixo:

A notícia mais recente divulgada por Do Kwon, um dos fundadores, é uma proposta de bifurcação da rede que foi batizado de “Terra Ecosystem Revival Plan 2”. Caso queira dar uma olhada no plano o link segue abaixo:

Como eu já disse outras vezes e não me canso de repetir, por aqui tentamos olhar por um ângulo diferente porque coisas iguais tem aos montes por aí. Então resolvemos dar uma olhada no white paper do projeto para ver o que estava escrito nele. O paper foi traduzido meio ás pressas caso você tenha alguma dificuldade com a língua inglesa. Deixamos o link para o texto original, como sempre, para que você confira diretamente na fonte caso tenha alguma dúvida. Por fim, acrescentamos algumas observações (numeradas e escritas em itálico) na medida em que fomos avançando na leitura do material.

/ / / / / /

White Paper do Projeto Terra em Português com observações

Resumo

Embora muitos vejam os benefícios de uma criptomoeda com preço estável que combina o melhor da moeda fiduciária e do Bitcoin, muitos não têm um plano claro para a adoção de tal moeda. Como o valor de uma moeda como meio de troca é impulsionado principalmente por seus efeitos de rede [01], uma nova moeda digital bem-sucedida precisa maximizar a adoção para se tornar útil. Propomos uma criptomoeda, a Terra, que é estável em termos de preços e impulsionada pelo crescimento. Atinge a estabilidade de preços por meio de uma oferta monetária elástica [02] que será garantida por incentivos de mineração estáveis. Ela também usará a senhoriagem [03] criada por suas operações de cunhagem como forma de estímulo das transações, facilitando a sua adoção. Há demanda por um protocolo monetário descentralizado e com preço estável nas economias fiduciárias e blockchain. Se esse protocolo for bem-sucedido, terá um impacto significativo como a melhor forma de uso para criptomoedas.

Observações:

[01] – Efeito de rede: quanto mais um produto ou serviço cresce (aumenta a quantidade de usuários/clientes) mais valor ele passa a ter, mais benefício ele traz para todos os seus usuários.

https://medium.com/fala-clara/o-poder-dos-efeitos-de-rede-no-seu-modelo-de-neg%C3%B3cio-a9648da3425b

[02] – Oferta elástica: a oferta é elástica quando a oferta ou a disponibilidade de um produto ou serviço aumenta ou diminui de acordo com a variação do seu preço. A elasticidade é garantida pela possibilidade ou disponibilidade “em tese, infinita” do produto ou serviço. Quanto mais aumenta a demanda de um produto ou serviço a oferta desse produto ou serviço deve acompanhar essa demanda para que os preços se mantenham estáveis.

https://www.infoescola.com/economia/elasticidade-preco-da-oferta/

[03] – Senhoriagem: atualmente é a diferença entre o valor do dinheiro (de face) e o custo de produção e distribuição que “geralmente” é menor. Em termos “bem” simplórios é o oposto da emissão de títulos do tesouro nacional. A emissão de dinheiro não gera um passivo para o governo enquanto a emissão de títulos cria a obrigação de resgatá-las no futuro com os devidos acréscimos estabelecidos em cada modalidade (correção monetária, juros etc.). O dinheiro novo pode ser emitido para substituir as que estão velhas e desgastadas ou pode emitir dinheiro novo aumentando a quantidade de dinheiro em circulação. Quando o Banco Central “injeta” ou coloca dinheiro em circulação faz ou recebe em troca o valor de face. Se esse dinheiro que ele injetou é proveniente de uma emissão nova ele tem uma espécie de lucro porque recebe o valor de face e deve ter tido um custo menor para produzir ou emitir aquele dinheiro do que o seu valor de face.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Senhoriagem

1. Introdução

A volatilidade dos preços das criptomoedas é um problema bem estudado por acadêmicos e observadores de mercado (ver, por exemplo, Liu e Tsyvinski, 2018, Makarov e Schoar, 2018). A maioria das criptomoedas, incluindo o Bitcoin, têm um cronograma de emissão pré-determinado que, juntamente com uma forte demanda especulativa, contribui para flutuações selvagens no preço. A extrema volatilidade de preços do Bitcoin é um grande obstáculo para sua adoção como meio de troca ou reserva de valor. Intuitivamente, ninguém quer pagar com uma moeda que tem potencial para dobrar de valor em poucos dias, ou quer ser pago em uma moeda se seu valor puder diminuir significativamente antes que a transação seja liquidada. Os problemas são agravados quando a transação requer mais tempo, por exemplo. Para pagamentos diferidos, como hipotecas ou contratos de trabalho, pois a volatilidade prejudicaria severamente um lado do contrato, tornando o uso de moedas digitais existentes nessas configurações proibitivamente caro.

No cerne de como o protocolo Terra resolve essas questões está a ideia de que uma criptomoeda com uma política monetária elástica [2] manteria um preço estável, ao contrário do Bitcoin, e se tornará viável para uso em transações cotidianas. No entanto, a estabilidade de preços não é suficiente para a ampla adoção de uma moeda. As moedas têm inerentemente fortes efeitos de rede [01]: é improvável que um cliente mude para uma nova moeda, a menos que uma massa crítica de comerciantes esteja pronta para aceitá-la, mas, ao mesmo tempo, os comerciantes não têm motivos para investir recursos e educar a equipe para aceitar uma nova moeda, a menos que haja uma demanda significativa dos clientes por ela. Por esse motivo, a adoção do Bitcoin como meio de pagamentos ficou limitada a pequenas empresas cujos proprietários investem pessoalmente em criptomoedas. Acreditamos que, embora uma política monetária elástica [02] seja a solução para o problema da estabilidade, uma política eficiente de supervisão pode impulsionar a adoção (da criptomoeda Terra). Além disso, o protocolo Terra oferece fortes incentivos para os usuários ingressarem na rede com um regime eficiente de controle de gastos, administrado por uma Tesouraria, onde teremos vários programas de estímulo concorrendo por financiamento. Ou seja, as propostas dos participantes da comunidade serão avaliadas pelo restante do ecossistema e, quando aprovadas, serão financiadas com o objetivo de aumentar a adoção e expandir os casos de uso potenciais. O Protocolo Terra, com seu equilíbrio entre promover a estabilidade e a adoção, representa um complemento significativo para as moedas fiduciárias como meio de pagamento e reserva de valor.

O resto do artigo está organizado da seguinte forma. Discutimos primeiro o protocolo e como a estabilidade será alcançada e mantida, por meio da calibração da demanda dos mineradores e do uso do token nativo Luna na mineração. Em seguida, nos aprofundamos em como os incentivos de mineração estáveis são adotados para suavizar as flutuações econômicas. Por fim, discutimos como a política fiscal do Terra pode ser usada como um estímulo eficiente para impulsionar a sua adoção.

Observações:

Como a grande maioria de todas as criptomoedas que foram criadas após o Bitcoin a TerraUSD (UST) nasceu com o propósito de ser melhor do que o Bitcoin. Não vejo problemas neste tipo de visão considerando que, em princípio, ninguém faz algo novo já prevendo que ele será pior do que algo que já existe. A questão aqui é que fazer algo novo e melhor do que qualquer coisa que já existe não é tão fácil como pode parecer. Todas as críticas podem (e devem) ser feitas sobre algo que já existe. Em contrapartida todo o otimismo se concentra em algo que vai ser criado e qualquer crítica efetiva poderá ser feita se e quando esse projeto realmente vier a existir e conseguir pelo menos se manter. Uma das maiores disrupções que o Bitcoin trouxe foi o fato de permitir que qualquer pessoa, literalmente qualquer um, pode criar dinheiro em casa com um computador e algum conhecimento de programação. Quem põe o pé neste mundo das criptomoedas pode achar que encontrou um jeito de ficar milionário criando seu próprio dinheiro, afinal de contas, quem não sonha com isso? Os conceitos citados acima como programa de estímulos para a sua adoção e modelo de votação para escolha de projetos que visam impulsionar o uso da stablecoin TerraUSD já foram utilizadas por outros projetos. Financiar projetos que tem como pano de fundo usar a criptomoeda que está sendo lançada é meio que uma forma básica de tentar alavancar o seu crescimento. O modelo de votação também é bem antigo e os mais calejados devem se lembrar dos projetos baseados no DAO – Organização Autônoma Descentralizada. Quando se olha para o Bitcoin exclusivamente como meio de pagamento (que é a forma como ele é definido no seu white paper) a volatilidade tornou-se um problema. Quando se olha para o Bitcoin como uma alternativa de investimento a médio e longo prazo a volatilidade pode ser algo mais palatável dependendo da casca do investidor, ou da sua estabilidade emocional e principalmente do propósito e do percentual que aloca e nas escolhas que faz entre este ou aquele ativo na composição de uma carteira. Como já diziam nossos avós “jamais coloque todos os ovos na mesma cesta”.

1 curtida

2. Política monetária de fixação multi-fiduciária

Um mecanismo de moeda estável deve responder a três perguntas-chave:

• Como é definida a estabilidade de preços? A estabilidade é um conceito relativo; a qual ativo uma stablecoin deve ser atrelada para atrair um público mais amplo possível?

• Como é medida a estabilidade de preços? O preço da moeda é exógeno [04] ao blockchain Terra e um feed de preços eficiente e resistente à degradação [05] é necessário para que o sistema funcione corretamente.

• Como a estabilidade de preços é alcançada? Quando o preço da moeda se desvia da meta, o sistema precisa de uma maneira de aplicar pressões ao mercado para trazer o preço de volta à meta.

Observações:

[04] – Exógeno significa externo. Nada mais verdadeiro do que assumir que o preço de uma criptomoeda varia de acordo com o mercado e não tem relação com o blockchain da própria criptomoeda.

[05] – No original consta a expressão “corruption-resistance price” que traduzimos livremente como “resistência a degradação do preço” considerando que não se trata da corrupção como nós conhecemos bem por estas bandas.

Esta seção especificará as respostas do Terra às perguntas acima em detalhes.

2.1 Definindo estabilidade em relação às moedas fiduciárias regionais.

O objetivo existencial de uma moeda estável é manter seu poder de compra. Dado que a maioria dos bens e serviços são consumidos internamente, é importante criar criptomoedas que rastreiem o valor das moedas fiduciárias locais. Embora o dólar americano domine o comércio internacional e as operações cambiais, para o consumidor médio o dólar apresenta uma volatilidade inaceitável em relação à unidade de conta escolhida.

Reconhecendo fortes regionalidades da moeda estatal o protocolo Terra pretende fazer parte de uma família de criptomoedas que estão atreladas às principais moedas do mundo. Perto da gênese, o protocolo emitirá a criptomoeda Terra atrelada a moedas estatais como a USD, EUR, CNY, JPY, GBP, KRW e SDR do FMI [06]. Com o tempo, mais moedas serão adicionadas à lista por votação dos usuários. TerraSDR será a principal moeda desta família, uma vez que exibe a menor volatilidade em relação a qualquer moeda fiduciária (Kereiakes, 2018).

TerraSDR é a moeda na qual as taxas de transação, recompensas de mineradores e concessões de estímulo serão denominadas.

É importante, no entanto, que as moedas do Terra tenham acesso à liquidez compartilhada. Por esta razão, o sistema suporta swaps atômicos [07] entre moedas da Terra em suas taxas de câmbio de mercado. Um usuário pode trocar TerraKRW por TerraUSD instantaneamente na taxa de câmbio efetiva de KRW/USD. Isso permite que todas as moedas do Terra compartilhem liquidez e flutuações macroeconômicas; uma queda na demanda por uma moeda pode ser rapidamente absorvida pelas outras. Podemos, portanto, raciocinar sobre a estabilidade das moedas da Terra em um grupo; estaremos nos referindo à Terra vagamente como uma moeda única para o restante deste papel. À medida que o ecossistema da Terra adiciona mais moedas, sua funcionalidade de troca atômica pode ser uma solução instantânea para transações internacionais e acordos comerciais internacionais.

Observações:

[06] – USD ou EUR são bem conhecidas. SDR – Special Drawing Rights em tradução livre Direitos Especiais de Saque foi criado pelo FMI – Fundo Monetário Internacional, por curiosidade, durante uma conferência dos países membros que foi realizada no Rio de Janeiro em 1967. Ela é a unidade de conta do FMI e podemos dizer que é a moeda oficial do FMI. O valor de cada SDR é calculado com base no preço de uma cesta de 5 moedas estatais cuja composição é revisada a cada 5 anos. Dólar, Euro, Libra inglesa (não é o dinheiro que o Zuckerberg queria criar …), Ien e Yuan são moedas que geralmente estão compondo esta cesta.

https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/fmi

[07] – Atomic Swap nasceu de um problema que surgiu por causa de um fato comum a maioria dos Blockchains, eles não conversam entre si. Algumas vezes ele é citado como atomic cross-chain trading que é baseado no mecanismo de contratos inteligentes. Em resumo é um jeito rápido de trocas criptomoedas diferentes. Apesar da ideia ser boa não é fácil implementar um mecanismo de trocas rápidas entre blockchains distintos. Uma das alternativas desenvolvidas consiste na criação de uma camada secundária para a realização destas trocas sem ligar diretamente um blockchain a outro evitando-se os riscos inerentes a este tipo de conexão.

https://academy.binance.com/pt/articles/atomic-swaps-explained

Até aqui parece que se trata de mais uma stablecoin no sentido mais clássico da coisa, ou seja, temos uma criptomoeda vinculada a uma cesta de moedas “fortes” como Dólar, Euro e até mesmo ao dinheiro exclusivo do FMI.

2.2 Medindo a estabilidade com mineradores oráculos

Como o preço da criptomoeda Terra nos mercados secundários é exógeno [04] ao blockchain, o sistema deve contar com um oráculo [08] de preços descentralizado para estimar a verdadeira taxa de câmbio. Definimos o mecanismo para o oráculo de preços da seguinte forma:

• Para qualquer “submoeda” Terra no conjunto de moedas C = TerraKRW, TerraUSD, TerraSDR… os mineradores enviam um voto para o que acreditam ser a taxa de câmbio atual no ativo fiduciário alvo.

• A cada n blocos o voto é computado tomando as medianas ponderadas como as taxas verdadeiras.

• Alguma quantidade de Terra é recompensada para aqueles que votaram dentro de 1 desvio padrão da mediana eleita. Aqueles que votaram fora podem ser punidos com o corte de suas apostas. A proporção daqueles que são punidos e recompensados ​​pode ser calibrada pelo sistema a cada voto para garantir que uma parcela suficientemente grande dos mineiros vote.

Várias questões foram levantadas na implementação de oráculos descentralizados, mas a principal delas é a possibilidade de os eleitores lucrar coordenando uma votação de preço falsa. Limitar o voto a um determinado subconjunto de usuários com forte interesse no sistema, os mineradores, podem diminuir muito as chances de tal coordenação. Um evento de coordenação bem-sucedido no oráculo de preços resultaria em uma perda muito maior no valor das participações do minerador do que qualquer ganho potencial, pois as participações da Luna estão bloqueadas no sistema.

O oráculo também pode desempenhar um papel na adição e depreciação de moedas do Terra. O protocolo pode começar a oferecer suporte a uma nova moeda do Terra quando a oráculo votar para que ela satisfaça um limite de envio. Da mesma forma, a falha em receber um número suficiente de votos do oráculo por vários períodos pode desencadear a depreciação de uma moeda Terra.

Observação:

[08] – Desde o subtítulo deste tópico temos o uso da expressão “oracle” que em tradução livre significa oráculo. Aqui neste paper a expressão está sendo usada como um substantivo vinculado ao minerador que atua no blockchain Terra, ou seja, temos minerador oráculo ou “miner oracle” no original. Logo na introdução deste subtópico lemos que “… o sistema deve contar com um oráculo de preços descentralizado para estimar a taxa real de câmbio.” De acordo com os conceitos tradicionais da mitologia clássica oráculo era alguém que geralmente previa o futuro. Neste caso específico os mineradores que estiverem minerando Terra podem votar indicando qual é a taxa de câmbio que o sistema deve adotar para cada uma das moedas pares da stablecoin. Pela leitura do white paper feita até aqui deduzimos que podem ser emitidas quantidades específicas de stablecoins Terra pareadas com moedas oficiais diferentes como Dólar, Euro, Yen etc. ao invés de se trabalhar com uma média obtida a partir de uma cesta de moedas de diferentes países. Esse entendimento vem do uso da expressão “submoeda”, que salvo engano, sequer existe em português. Em função disso cada minerador poderia votar na taxa de câmbio que ele julga mais adequada para fins de conversão nas negociações de cada “submoeda” da criptomoeda Terra e principalmente para fins de manutenção da paridade com a moeda fiat usada como “lastro”. Para evitar eventuais conluios entre mineradores para manipulação das taxas o paper prevê penalização dos mineradores que eventualmente se dispuserem a praticar este tipo de manipulação e uma espécie de bonificação para quem votar nas taxas que se aproximarem da paridade “normal”.

2.3 Alcançar estabilidade com recompensas de mineração consistentes

Cada vez que o sistema verificar que o preço da criptomoeda Terra se desviou de sua indexação, ele deve aplicar pressões para normalizar o preço. Como qualquer outro mercado, o mercado monetário Terra segue as regras simples de oferta e demanda baseada numa moeda atrelada. Isso é:

• A contração da oferta de moeda, mantidas todas as condições iguais, resultará em níveis de preços relativos da moeda mais altos. Ou seja, quando os níveis de preços estão caindo abaixo da meta, a redução suficiente da oferta de moeda fará com que os níveis de preços voltem à normalidade.

• A expansão da oferta monetária, mantidas todas as condições iguais, resultará em níveis de preços relativos da moeda mais baixos. Ou seja, quando os níveis de preços estão subindo acima da meta, o aumento suficiente da oferta de moeda fará com que os níveis de preços voltem à normalidade.

É claro que contratar o fornecimento de dinheiro não é gratuito; como qualquer outro ativo, o dinheiro precisa ser comprado no mercado. Bancos centrais e governos arcam com custos contracionistas para sistemas fiduciários atrelados por meio de uma variedade de mecanismos, incluindo intervenção, emissão de títulos e instrumentos de curto prazo, incorrendo, assim, em despesas com juros e aumento das taxas do mercado monetário e requisitos de taxa de reserva, perdendo receita. Dito de outra forma, bancos centrais e governos absorvem a volatilidade das moedas atreladas que emitem. Analogamente, os mineradores do Terra absorvem a volatilidade no fornecimento do Terra [09].

• No curto prazo, os mineradores absorvem os custos de contração do Terra por meio da diluição da energia de mineração [10]. Durante uma contração, o sistema cunha e leiloa mais poder de mineração para recomprar e queimar Terra. Isso contrata o fornecimento de Terra até que seu preço retorne ao peg [11], e resulta temporariamente na diluição do poder de mineração.

• A médio e longo prazo, os mineradores são compensados ​​com maiores recompensas de mineração. Em primeiro lugar, o sistema continua a recomprar energia de mineração até que fornecimento alcance um alvo fixado, criando assim uma confiabilidade de longo prazo na energia de mineração disponível. Em segundo lugar, o sistema aumenta recompensas de mineração, que serão explicadas com mais detalhes em uma seção posterior. Em resumo, os mineradores arcam com os custos da volatilidade do Terra no curto prazo, sendo compensados ​​no longo prazo. Comparados aos usuários comuns, os mineradores têm interesse de longo prazo na estabilidade do sistema, com infraestrutura investida, equipe treinada e modelos de negócios com alto custo de comutação. O restante desta seção discutirá como o sistema absorve a volatilidade de curto prazo e cria incentivos estáveis ​​de longo prazo para os mineradores da criptomoeda Terra.

Observações:

[09] – A frase “os mineradores do Terra absorvem a volatilidade …” é autoexplicativa e o paper atribui aos mineradores a função de absorver perdas a curto prazo para manter a estabilidade. Num cenário de baixa volatilidade a ideia pode ser interessante, mas na prática, como se constatou, a ação dos mineradores não foi suficiente num cenário em que o preço saiu da margem de estabilidade esperada/planejada e nem mesmo a venda de mais de 80 mil bitcoins de um total de 80.394 que a Luna Foundation Guard tinha em carteira foi suficiente para segurar a queda vertiginosa do preço.

https://mobile.twitter.com/lfg_org

[10] – Os mineradores têm um papel no controle da paridade monetária entre a stablecoin Terra e o seu “lastro” teórico. Se entendemos direito este processo, quando o preço da criptomoeda Terra cai, por consequência o retorno do minerador também cai porque além da queda no preço o minerador vai emitir menos moedas devido à queda na demanda. Esta perda ainda sofre um acréscimo porque nos momentos em que ocorre uma contração cabe ao minerador comprar e queimar a criptomoeda Terra para fazer com que o preço volte a subir, diminuindo a quantidade de criptomoeda Terra em circulação. Durante um processo contracionista, ou seja, de queda nos preços, a curto prazo os mineradores são prejudicados. O subtítulo do próximo tópico 2.4 define bem esta situação. Estas perdas serão “ressarcidas” a médio e longo prazo com aumento na recompensa quando o preço da criptomoeda Terra se estabilizar.

[11] – A expressão “peg” no mundo das finanças é uma abreviação do termo “pegged” que significa vinculado ou atrelado.

2.4 Mineradores absorvem a volatilidade de curto prazo do Terra

O Protocolo Terra é executado em uma blockchain Proof of Stake (PoS) [12], onde os mineradores precisam “depositar em garantia” uma criptomoeda nativa Luna para minerar transações do Terra. A cada período de bloco, o protocolo elege um produtor de bloco entre o conjunto de mineradores que depositaram Luna em garantia, a quem é confiado o trabalho necessário para produzir o próximo bloco, agregando transações, obtendo consenso entre os mineradores e garantindo que as mensagens sejam distribuídas adequadamente em um curto período de tempo, com alta tolerância a falhas [13].

A eleição do produtor do bloco é ponderada pelo tamanho da participação em Luna do minerador ativo. Portanto, Luna representa o poder de mineração na rede Terra. Semelhante à forma como o poder de hash de um minerador de Bitcoin representa uma probabilidade pró-rata [14] de gerar blocos Bitcoin, a participação Luna representa chances pró-rata de gerar blocos Terra.

Luna também serve como a defesa mais imediata contra as flutuações de preços do Terra. O sistema usa a Luna para fazer o preço da Terra, concordando em ser a contraparte de qualquer pessoa que queira trocar a Terra e a Luna na taxa de câmbio alvo da Terra. Mais concretamente:

• Quando o preço do TerraSDR for < 1 SDR, usuários e arbitradores podem enviar 1 TerraSDR para o sistema e receber 1 SDR em Luna.

• Quando o preço do TerraSDR > 1 SDR, usuários e arbitradores podem enviar 1 SDR de Luna para o sistema e receber 1 TerraSDR.

A disposição do sistema de respeitar a taxa de câmbio alvo, independentemente das condições de mercado, mantém a taxa de câmbio de mercado da Terra em uma faixa estreita em torno da taxa de câmbio alvo. Um arbitrador pode extrair lucro sem risco quando 1 TerraSDR = 0,9 SDR negociando TerraSDR por 1 SDR de Luna do sistema, em oposição aos ativos no valor de 0,9 SDR que ela poderia obter no mercado aberto. Da mesma forma, ela também pode extrair lucro sem risco quando 1 TerraSDR = 1,1 SDR negociando 1 SDR no valor de Luna para o sistema para obter 1,1 SDR no valor de TerraSDR, mais uma vez superando o preço do mercado aberto [15].

O sistema financia a formação de preços do Terra via Luna:

• Para comprar 1 TerraSDR, o protocolo cunha e vende Luna no valor de 1 SDR

• Ao vender 1 TerraSDR, o protocolo ganha Luna no valor de 1 SDR

Como a Luna é cunhada para corresponder às ofertas da Terra, a volatilidade é movida do preço da Terra para a oferta da Luna. Se não mitigada, essa diluição de Luna apresenta um problema para os mineradores; suas participações em Luna valem uma porção menor do total de energia de mineração disponível após a contração. O sistema queima uma parte da Luna que ganhou durante as expansões até que o suprimento da Luna atinja sua emissão de equilíbrio de 1 bilhão. Portanto, Luna pode ter uma demanda constante como um token com direitos pro-rata para a mineração da Terra a longo prazo. A próxima seção discute como o sistema oferece incentivos de mineração estáveis para manter a mercado de mineração e demanda por Luna estável a longo prazo por meio de ciclos macroeconômicos voláteis.

Observações:

[12] – PoS – Proof of Stake é um dos tipos de protocolo de consenso utilizado nos Blockchains. Ele nasceu como alternativa ao PoW – Proof of Work adotado no Bitcoin que consome bastante energia elétrica enquanto o PoS tem como um dos seus atributos consumir pouca energia. No PoS apenas um minerador que é escolhido entre um grupo que atende certas condições recebe a incumbência de minerar o próximo bloco ou um conjunto de blocos. No PoW todos os mineradores interessados podem participar da mineração do próximo bloco e aquele que descobre primeiro um número conhecido como “nonce” ganha a corrida e recebe a recompensa enquanto todos os demais gastaram tempo e principalmente energia “à toa”.

[13] – A tradução literal da expressão original “ with high fault tolerance” pode gerar confusão porque ao pé da letra seria algo como “alta tolerância a falhas”, que em princípio pode não fazer sentido. A expressão é usada no sentido de que o minerador escolhido para minerar o próximo bloco tem pouco tempo e mesmo que ocorram “problemas ou falhas” durante a mineração do próximo bloco o resultado final, deve ser finalizado. Exemplo: O minerador não pode depender única e exclusivamente da energia elétrica fornecida por uma concessionária que distribui energia, ele precisa ter um gerador capaz de suportar o funcionamento dos seus computadores enquanto está processando o próximo bloco caso ocorra algum problema e o fornecimento da energia elétrica da rede seja interrompida.

[14] – A forma mais usual de utilização da expressão pró-rata está relacionada a proporcionalidade temporal. Neste caso o redator do paper está usando a expressão no sentido de proporcionalidade com relação ao montante de Luna depositado em garantia pelos interessados em minerar TerraUSD. Ou seja, quanto mais Luna um minerador depositar mais chances ele terá de ser o escolhido para minerar os próximos blocos. Até esta etapa da leitura, aparentemente o sistema beneficia ou dá mais poder para quem tem mais Luna porque aparentemente não existe um teto máximo a partir do qual não se tem benefício. Neste caso, vale a velha máxima, quanto mais melhor.

[15] – O pouco que eu sei sobre arbitragem é que se trata de um tipo de operação que é feito com o intuito de ganhar dinheiro com diferença de preços entre mercados distintos. Neste caso me parece que a arbitragem proposta no paper é feita dentro do próprio Blockchain Terra envolvendo stablecoin e token criados na própria plataforma. No caso das criptomoedas em geral me parece que a arbitragem caberia para variação de preço em corretoras diferentes. Sobre arbitragem de criptomoedas deixo o link abaixo, caso você queira entender o que é, lembrando que não se trata de indicação, sugestão ou recomendação.

https://portaldobitcoin.uol.com.br/o-que-e-arbitragem-com-criptomoedas-e-como-ganhar-dinheiro-com-o-sistema/

1 curtida

2.5 Mineradores são compensados ​​com recompensas estáveis ​​de longo prazo

Os mineradores desempenham um papel fundamental na segurança e estabilidade da criptomoeda Terra [16]. Eles fornecem segurança participando do consenso do PoS (Proof of Stake). Eles fornecem estabilidade absorvendo a volatilidade de curto prazo da demanda existente na criptomoeda Terra. A demanda estável por mineração é um requisito essencial para segurança e estabilidade. Para conseguir isso, o protocolo visa oferecer recompensas estáveis ​​e previsíveis em todas as condições econômicas, tanto nas altas como nas baixas. A rede fica melhor quando pode compensar consistentemente aqueles que a protegem.

O protocolo tem duas maneiras de recompensar os mineradores por seu trabalho:

• Taxas de transação: Todas as transações do Terra pagam uma pequena taxa aos mineradores. As taxas padrão são de 0,1% e são limitadas a 1%, o que significa que a transação com o Terra no e-commerce será muito mais barata do que a transação com opções de pagamento tradicionais, como cartões de crédito.

• Senhoriagem (Queima de Luna): Quando a demanda por Terra aumenta, o sistema cunha Terra e ganha Luna em troca. Isso é chamado de senhoriagem – o valor da moeda recém-cunhada menos o custo de emissão (que neste caso é zero). O sistema queima uma parte da Luna conquistada, o que torna a energia de mineração mais escassa. O restante da senhoriagem vai para o Tesouro para financiar e estimular a fiscalização.

Para entender as recompensas da perspectiva de um minerador, analisamos o cálculo básico que deve ser feito para determinar a viabilidade de um compromisso de longo prazo com a mineração na rede Terra.

Após os custos fixos, o lucro (ou prejuízo) de uma operação de mineração para uma única unidade de poder de mineração (1 Luna) se reduz a recompensas menos o custo do trabalho para essa unidade. Um pouco mais formalmente, durante um período de trabalho futuro t, o lucro ou perda de uma unidade de poder de mineração é igual.

P(t) = TotalRewards(t) / LunaSupply(t) − UnitMiningCost(t)

Alternações frequentes entre lucro e prejuízo – P(t) positivo e negativo – criariam uma demanda de mineração altamente instável. O objetivo do protocolo é tornar esse cálculo mais fácil e previsível. Com isso em mente, a maior parte da incerteza em P(t) se resume ao primeiro termo, ou seja, unidade recompensas de mineração. Como consequência, as recompensas de mineração de unidade são a principal consideração para fazer um compromisso de longo prazo com a rede. Recompensas de mineração de unidade estável produzem demanda estável por mineração, enquanto as recompensas voláteis de mineração unitária produzem o oposto.

Por padrão, há incerteza tanto nas recompensas totais (das taxas) quanto no fornecimento de Luna, de modo que ambos os termos contribuem para a volatilidade das recompensas unitárias. Primeiro, as recompensas das taxas tendem a aumentar quando a economia cresce e tendem a diminuir quando a economia encolhe. Em segundo lugar, a oferta de Luna tende a diminuir quando a economia cresce (porque Luna é queimada pela senhoriagem), e tende a aumentar quando a economia encolhe (porque uma nova Luna é emitida para recomprar Terra). A implicação é que as recompensas de mineração unitária tendem a se mover fortemente na direção da economia, seja para cima ou para baixo. Por extensão, isso também se aplica à demanda de mineração.

Portanto, para criar uma demanda de mineração estável a longo prazo, o protocolo cria recompensas previsíveis em todas as condições econômicas. Para conseguir isso, o protocolo usa taxas de transação e a taxa de queima de Luna como alavancas para se opor às mudanças nas recompensas de mineração de unidades. As taxas de transação afetam as recompensas totais, enquanto a taxa de queima de Luna afeta o suprimento de Luna – os dois determinantes das recompensas de mineração de unidade. A lógica básica é a seguinte:

• se as recompensas de mineração de unidade estiverem aumentando:

  • a taxa cai

  • a queima de Luna diminui

• se as recompensas de mineração de unidade estiverem diminuindo:

  • a taxa sobe

  • a queima de Luna cresce

Enquanto trabalha para suavizar as flutuações na compensação dos mineradores, o protocolo também visa um crescimento estável em linha com o crescimento de longo prazo da economia do Terra. Esta é uma recompensa natural por seu compromisso de longo prazo em servir a rede.

Para formalizar essas ideias, discutimos o mecanismo para suavizar as recompensas de mineração de unidade com mais detalhes. As taxas e o percentual de queima de Luna – as “alavancas de estabilidade” – são ajustadas a cada semana em resposta a mudanças nas recompensas de mineração de unidades. Definimos a taxa de queima de Luna da seguinte forma: qual parcela (%) de senhoriagem o protocolo deve usar para recomprar e queimar Luna, em vez de depositar no Tesouro (obs.: a função é desempenhada pela LFG - Luna Foundation Guard)? Sejam ft, bt e Rt taxas de transação, a taxa de queima de Luna e recompensas de mineração de unidade no tempo t, respectivamente. Então a regra para ajustar os valores de f e b é a seguinte [17]:

(favor ver a fórmula no paper original).

As regras de atualização agora devem deixar claro o que queremos mostrar quando dizemos que as taxas (e a taxa de queima de Luna) se opõem a mudanças nas recompensas de mineração de unidade: o valor atual, ft, é multiplicado pela mudança inversa nas recompensas de mineração de unidade, Rt_1 / Rt. Por exemplo, se as recompensas de mineração de unidade fossem cortadas pela metade, as taxas dobrariam em resposta e, inversamente, se as recompensas de mineração de unidade fossem duplicadas, as taxas seriam cortadas pela metade em resposta. O resultado é dimensionado por um pequeno fator de crescimento, 1 + g, que permite o crescimento gradual das recompensas unitárias de mineração proporcional à taxa de crescimento de longo prazo da economia.

Quão bem o mecanismo funciona na prática [18]? Executamos extensas simulações para testar o estresse e refiná-lo sob uma variedade de suposições. A seguir, compartilhamos e discutimos um exemplo representativo que aplica uma ênfase significativa ao mecanismo e esclarece como ele atinge seu objetivo. Consideramos um período simulado de 10 anos durante o qual a economia do Terra experimenta um crescimento rápido e uma turbulência severa. Demonstramos como o protocolo ajusta suas alavancas de estabilidade em resposta às condições econômicas e como esses ajustes, por sua vez, moldam as recompensas da mineração de unidades.

(favor ver os gráficos no paper original)

O primeiro gráfico mostra o volume de transações semanais simuladas e sua média móvel anual. O volume de transações pode ser pensado como o PIB da economia Terra. A economia experimenta um rápido crescimento seguido por uma severa recessão de vários anos que elimina 93% do PIB em 3 anos e requer 6 anos para recuperação total. Este cenário é um teste severo - se estivesse descrevendo o preço do Bitcoin, seria de longe o mercado de baixa mais longo de sua história e empatado com o pior em termos de rebaixamento (igual à queda de 93% entre junho e novembro de 2011). Embora pensemos que a demanda impulsionada pela adoção do Terra será muito mais estável do que a demanda impulsionada pela especulação do Bitcoin, o mecanismo de estabilidade foi projetado para resistir com confiança à volatilidade no nível do Bitcoin.

O segundo gráfico mostra as taxas de transação e a taxa de queima da Luna, as duas alavancas usadas pelo protocolo para suavizar as flutuações nas recompensas de mineração de unidades. Observamos que ambos se movem na direção oposta à direção da economia (que também é a direção padrão das recompensas de mineração de unidade).

O terceiro gráfico mostra a média móvel anual das recompensas de mineração de unidade. A meta de crescimento que estabelecemos neste exemplo é de 15% ao ano. Como foi projetado, as recompensas de mineração unitária experimentam um crescimento constante com baixa volatilidade, imperturbável pelos ciclos do PIB da Terra. Os ajustes nas taxas e a taxa de queima de Luna absorveram com sucesso a volatilidade esperada nas recompensas de mineração unitária e criaram um crescimento previsível. Isto é conseguido com taxas médias inferiores a 0,5% (com um pico momentâneo no máximo de 1%) e uma taxa de queima Luna que ronda em média 50% (o que significa que em média 50% da senhoriagem é concedida ao Tesouro).

A demanda estável por mineração é um requisito fundamental para a segurança e estabilidade do Terra. As recompensas de mineração por unidade são a principal consideração e a maior fonte de risco para os mineradores. Eles são, por padrão, altamente cíclicos, portanto, altamente incertos. Reduzir essa incerteza diante de condições voláteis é a chave para uma demanda de mineração estável. Delineamos um mecanismo simples que usa taxas de transação e queima de Luna como alavancas para conseguir isso e demonstramos sua eficácia no condições econômicas mais severas.

Observações:

[16] – Na frase original “ Miners play a foundational role in the security and stability of Terra” a palavra “foundational” traduzida ao pé da letra seria fundacional, mas também pode ser traduzido como fundamental que é mais apropriado. Deixando esta questão semântica de lado fica no ar uma questão filosófica. A stablecoin TerraUSD desandou por culpa dos mineradores que não atuaram de forma adequada para sustentar o equilíbrio do mercado ou a culpa é de quem idealizou este mecanismo colocando nas mãos dos mineradores uma responsabilidade que aparentemente caberia a quem estivesse numa posição de gestão do ecossistema. Se eu fosse minerador não sei se me animaria com um projeto como este onde eu arco com um ônus a curto prazo e espero um bônus a médio e longo prazo. Hoje, na situação em que está, acho que os mineradores que arcaram com qualquer nível de ônus para tentar garantir a estabilidade estão desconfiados quanto as chances de recebem alguma bonificação no futuro já que muitos duvidam que ela sobreviva, apesar dos esforços que os criadores estão fazendo para recuperá-la com um “Plano de Ressuscitação do Ecossistema Terra-Luna”.

[17] – Se entendi direito, a ideia central do protocolo responsável pela estabilização da moeda via algoritmo está exposta na equação. As taxas cobradas pelos mineradores por cada transação e o percentual de queima do token Luna são chamados de “alavancas da estabilidade” e serão ajustadas semanalmente de acordo com alguma variação no valor da recompensa paga ao minerador.

[18] – Quão bem o mecanismo funciona na prática? A realidade respondeu na prática e de uma forma bem diferente e dolorida a esta pergunta feita pelo(s) autor(es) do paper e de uma forma diferente do que se projetava no paper e nos gráficos dos testes de stress. Aqui eu imagino que os testes tenham sido feitos pelos próprios criadores do projeto e me parece que este tipo de teste de stress poderia ter sido atribuída a terceiros (isentos e/ou que não são responsáveis diretos pelo desenvolvimento do projeto), realmente dispostos a testar o sistema com um olhar mais frio e menos apegado ao projeto. Muitos projetos deste tipo não despertam o interesse de gente capaz de realizar testes mais aprofundados e acabam sendo testados apenas pelos seus criadores, com aquele “viés” otimista que todo autor de um projeto tem e que não é o caso de chamarmos de erro e sim algo que vem da própria natureza humana, todo filho é bonito, charmoso, inteligente e incapaz de praticar qualquer maldade… Considerando que não consta o nome ou indicação de quem testou e diante da frase … “executamos extensas simulações para testar …” acredito que os testes foram feitos em casa.

O tópico 2.5 a meu ver é central neste paper e expõe basicamente o mecanismo de funcionamento do protocolo que garantiria a estabilidade da moeda. Na parte em que aborda a realização de testes fica evidente o otimismo dos criadores do projeto com frases tais como: “…o mecanismo de estabilidade foi projetado para resistir com confiança à volatilidade no nível do Bitcoin.

1 curtida

3. Política fiscal orientada para o crescimento

Apesar de seu enorme potencial, os contratos inteligentes enfrentaram obstáculos na adoção devido à volatilidade dos preços de sua moeda subjacente. A volatilidade dos preços torna os contratos inteligentes inutilizáveis ​​para a maioria das principais aplicações financeiras, pois a maioria dos usuários está acostumada a avaliar pagamentos determinados em seguros, crédito, hipoteca e folha de pagamento. O Terra oferecerá uma plataforma dApp [19] estável orientada para a construção aplicativos financeiros que usam o Terra como moeda subjacente, permitindo assim que os contratos inteligentes amadureçam em uma infraestrutura útil para empresas tradicionais. Os DApps da Plataforma Terra ajudarão a impulsionar o crescimento e estabilizar a família de moedas Terra diversificando seus casos de uso. Nesta seção, discutimos como o protocolo subsidia o crescimento das aplicações mais bem-sucedidas por meio de sua política fiscal [20] orientada para o crescimento.

Os governos nacionais usam gastos fiscais expansionistas com o objetivo de estimular o crescimento. A esperança do gasto fiscal é que a atividade econômica instigada pelo gasto original resulte em um ciclo de feedback que faz a economia crescer mais do que a quantidade de dinheiro gasto no estímulo inicial. Esse conceito é capturado pelo multiplicador de gastos – quantos dólares de atividade econômica um dólar de gasto fiscal gera? O multiplicador de gastos aumenta com a propensão marginal a consumir, o que significa que a eficácia do estímulo expansionista está diretamente relacionada à probabilidade de os agentes econômicos aumentarem seus gastos.

Em uma seção anterior, discutimos como a senhoriagem do Terra é direcionada tanto para recompensas de mineradores quanto para o Tesouro. Neste ponto, vale a pena descrever como exatamente o Tesouro implementa a política de gastos fiscais do Terra, com seu mandato central sendo estimular o crescimento do Terra e garantir sua estabilidade. Dessa forma, o Terra obtém maior eficiência ao devolver aos seus usuários a senhoriagem não alocada para estabilidade.

O foco principal do Tesouro é a alocação de recursos oriundos da senhoriagem para aplicações descentralizadas (dApp). Para receber senhoriagem do Tesouro, um dApp precisa se registrar para consideração como entidade que opera na rede Terra. Os dApps são elegíveis para financiamento dependendo de sua atividade econômica e uso de financiamento.

O procedimento de financiamento para um dApp funciona da seguinte forma:

• Um dApp solicita uma conta no Tesouro; o aplicativo inclui metadados como o título, um URL que leva a uma página detalhada sobre o uso do financiamento, o endereço da carteira do solicitante, bem como procedimentos de auditoria e governança.

• Em intervalos regulares de votação, os validadores da Luna votam para aceitar ou rejeitar novos pedidos de dApp para abrir contas no Tesouro. O número líquido de votos (votos favoráveis menos desfavoráveis) precisa exceder 1/3 do total de votos válidos dos validadores para que um pedido seja aceito.

• Os validadores da Luna podem exercer controle sobre quais dApps podem abrir contas no Tesouro. O financiamento em si é determinado pelo voto do validador para cada período de financiamento de acordo com um peso atribuído a cada dApp. Isso permite que o Tesouro priorize os dApps que ganham mais financiamento.

• Em cada sessão de votação, os validadores do Luna têm o direito de solicitar que um dApp seja colocado na lista negra, por exemplo, porque se comporta de forma desonesta ou não contabiliza seu uso de fundos do Tesouro. Novamente, o número líquido de votos (votos sim menos votos não) precisa exceder 1/3 do total de votos válidos dos validadores para que um dAPP seja incluído na lista negra. Um dApp na lista negra perde o acesso à sua conta do Tesouro e não é mais elegível para recebimento de financiamento.

A motivação por trás da atribuição de pesos de financiamento aos dApps é maximizar o impacto do estímulo na economia, recompensando os dApps com maior probabilidade de ter um efeito positivo na economia. O Tesouro usa dois critérios para determinar as alocações de gastos: (1) atividade econômica robusta e (2) uso eficiente do financiamento. Os dApps com um forte histórico de adoção recebem suporte para seu sucesso contínuo, e os dApps que cresceram em relação ao seu financiamento são recompensados ​​com mais senhoriagem, pois têm um histórico de sucesso no uso eficiente de seus recursos.

Esses dois critérios são combinados em um único peso que determina o financiamento relativo que os dApps recebem do pool de financiamento agregado. Por exemplo, um dApp com peso 2 receberia o dobro do financiamento de um dApp com peso 1.

Apresentamos a equação de peso de financiamento, seguida de uma explicação detalhada de todas as partes: para um período de tempo t, seja TVt o volume de transações de um dApp e Ft o financiamento do Tesouro recebido. Em seguida, o protocolo determina o peso de financiamento wt para o período da seguinte forma:

A notação * denota uma média móvel, então TVt⇤ seria a média móvel do volume de transações até o período t, enquanto _TVt⇤ seria uma diferença de médias móveis de diferentes comprimentos até o período de tempo t. Pode-se fazer a janela de média trimestral, por exemplo. Por fim, os pesos de financiamento entre todos os dApps são dimensionados para somar 1.

• O primeiro termo é proporcional ao TVt⇤, o volume médio de transações gerado pelo dApp no passado recente. Este é um indicador da atividade econômica do dApp, ou mais simplesmente o tamanho de sua microeconomia.

• O segundo termo é proporcional a _TV ⇤t /F ⇤t −1. O numerador descreve a tendência no volume de transações — é a diferença entre uma média mais e uma menos recente. Quando positivo, significa que o volume de transações segue uma trajetória ascendente e vice-versa. O denominador é o valor médio de financiamento recebido pelo dApp no ​​passado recente, até e incluindo o período anterior. Assim, o segundo termo descreve como a atividade econômica está mudando em relação ao financiamento passado. No geral, valores maiores dessa proporção capturam instâncias em que o dApp está crescendo rapidamente para cada dólar de financiamento recebido. Este é, de fato, o multiplicador de gastos do programa de financiamento, um indicador primordial da eficiência do financiamento.

• O parâmetro l é usado para determinar a importância relativa da atividade econômica e a eficiência do financiamento. Se for igual a 1/2, os dois termos terão a mesma contribuição. Ao diminuir o valor de l, o protocolo pode favorecer mais fortemente os dApps com economias maiores. Por outro lado, ao aumentar o valor de l, o protocolo pode favorecer dApps que estão usando financiamento com alta eficiência, por exemplo, crescendo rapidamente com pouco financiamento, mesmo que sejam menores em tamanho.

Uma vantagem importante na distribuição do financiamento de forma programática é que se trata de um processo simples, objetivo, transparente e simplificado em comparação com os sistemas de votação aberta. De fato, comparado aos sistemas de votação descentralizados, ele é mais previsível, porque as entradas usadas para calcular os pesos de financiamento são transparentes e se movem de forma lenta. Além disso, esse sistema exige menos confiança nos validadores do Luna, já que a única autoridade que eles têm é determinar se um dApp é ou não honesto e se faz uso legítimo do financiamento.

De modo geral, o objetivo da governança do Terra é simples: financiar as organizações e propostas com maior impacto líquido na economia. Isso incluirá dApps resolvendo problemas reais para os usuários, aumentando a adoção do Terra e, como resultado, aumentando o PIB da economia do Terra.

Observações:

[19] – Dapps são aplicativos desenvolvidos para rodar em sistemas descentralizados, existem há bastante tempo, mas evoluíram e cresceram bastante a partir da criação do Ethereum, da linguagem solidity e dos smart contracts. São aplicativos que não dependem de um ou mais servidores centralizados para funcionar, como acontece nos aplicativos tradicionais dos sistemas centralizados como é o caso do twitter, por exemplo.

https://academy.bit2me.com/pt/que-son-las-dapps/

[20] – Em princípio o uso da expressão política fiscal (fiscal policy no original) que geralmente é usada quando se fala de governos nos pareceu um pouco deslocada e talvez quisesse indicar algo como política de gestão ou de supervisão. Avançando na leitura constatamos que o autor do paper, aparentemente está querendo dizer política fiscal na acepção do termo e não de forma figurada. Política fiscal (gestão das receitas e despesas) é um instrumento de política econômica (formulação) e geralmente anda junto com a política cambial (gestão da taxa de câmbio) e a monetária (gestão da oferta de moeda).

4. Conclusão

Apresentamos o Terra, uma moeda digital estável projetada para complementar as moedas fiduciárias e criptográficas existentes como forma de negociar e armazenar valor [21]. O protocolo ajusta a oferta do Terra em resposta às mudanças na demanda para manter seu preço estável [22]. Isso é alcançado usando Luna, o token de mineração cujas recompensas estáveis ​​são projetadas para absorver a volatilidade dos ciclos econômicos em mudança. O Terra também alcança uma adoção eficiente ao devolver aos usuários a senhoriagem não investida em estabilidade. Seu mecanismo de distribuição transparente e democrático dá aos dApps o poder de atrair e reter usuários aproveitando o crescimento econômico do Terra.

Se a contribuição do Bitcoin para a criptomoeda foi a imutabilidade e a expressividade do Ethereum, nosso valor agregado será a usabilidade. As aplicações potenciais do Terra são imensas. De imediato, prevemos que a stablecoin Terra será usado como meio de troca em pagamentos online, permitindo que as pessoas negociem livremente por uma fração das taxas cobradas por outros métodos de pagamento [23]. À medida que o mundo começa a se tornar cada vez mais descentralizado, vemos o Terra sendo usado como uma plataforma de dApp, onde economias de token com preços estáveis ​​são construídas no Terra. O Terra está procurando se tornar a primeira plataforma de moeda e estabilidade utilizável no blockchain, desbloqueando o poder da descentralização para usuários, comerciantes e desenvolvedores convencionais.

Observações:

[21] – O paper conclui se apresentando como uma “moeda digital” com objetivo de cumprir 2 (meio de pagamento e reserva de valor) dentre as 3 funções de uma moeda (a terceira é servir como unidade de conta).

[22] – Se havia alguma dúvida quanto a forma que seria usada para garantir a estabilidade e a paridade entre a criptomoeda e o seu “lastro” par nesta conclusão isso fica bem evidente. De acordo com a seguinte frase “ The protocol adjusts the supply of Terra in response to changes in demand to keep its price stable.” Fesde o início a intenção do projeto era usar um algoritmo para garantir a estabilidade e a paridade entre a criptomoeda Terra e o seu par (digamos que é uma espécie de “lastro” teórico). Para fazer esse processo funcionar foi criado um token (não se perca, foi criado uma criptomoeda “estável” chamada TerraUSD ou UST) e ao mesmo tempo um token chamado Luna que “teoricamente” deveria servir como uma espécie de “válvula” estabilizando o preço da stablecoin TerraUSD.

[23] – O grande objetivo exposto no último parágrafo do paper com a criação da criptomoeda estável Terra é se tornar uma das principais criptomoedas usadas como meio de pagamento em transações online com baixo custo, que eles definem como “usabilidade”.

Caso esteja interessado na bibliografia favor consultar no documento original.

/ / / / /

Site da criptomoeda Terra:

Link para o white paper (em inglês):

Link para o repositório no GitHub:

Link para o site da LFG – Luna Foundation Guard que desempenha a função de Tesouro:

Link para o twitter da LFG onde ela declara suas reservas:

https://mobile.twitter.com/lfg_org

Link para site da Ethereum com definição sobre o que é stablecoin:

1 curtida

Segundo notícia publicada no site BusinessToday ontem, dia 18/05/22 (link abaixo) citando cópia de documentos jurídicos que circularam na internet Do Kwon teria fechado a sede em Busan e a filial da Seoul (ambas na Coreia do Sul) da empresa TerraForm Labs, permanecendo o escritório que fica em Singapura. O fechamento teria sido decidido ou comunicado aos acionistas numa reunião que teria sido realizada no dia 30/04/2022 e os escritórios da sede e da filial teriam sido fechados nos dias 04 e 05 de maio respectivamente.
O detalhe importante é que o “crash” do projeto ocorreu dias depois, ou seja, os escritórios coreanos teriam sido fechados e as empresas liquidadas dias antes dos catastróficos eventos que praticamente levaram o projeto para o caminho do fim.


Imagem retirada em 19/05/2022 do site: Did Do Kwon dissolve Terraform Labs before the crash? - BusinessToday

1 curtida

Fantástico trabalho de tradução e análise.

Me impressiona como isto funcionou por um tempo. Sistema muito complicado e sinceramente parece-me que está tentando resolver o problema errado.

Sou um pouco pessimista de que esta desejada “estabilidade” só será alcançada mesmo com a precificação em massa de produtos e serviços na moeda em si, e que como sabemos, é um processo longo e tortuoso. Não há atalhos sustentáveis e achava que isso já era meio que consenso. Estas soluções gambiarrentas de estabilidade artificial e dependentes de outras moedas, que por sua vez não são estáveis como se imagina, são só experimentos tecnológicos divertidos enquanto o sistema fiat não colapsar. Se parar pra pensar só na emissão de USD dos últimos 3 anos, me parece que tudo isso é uma verdadeiro castelo de cartas.

Não totalmente relacionado ao tópico em questão, mas sistemas que presumem que seus players sempre jogarão dentro das regras unicamente por incentivos financeiros estão fadados ao fracasso (mas isso é papo para outro tópico).
Adição de oráculos para descoberta de preços faz com que a coisa fique ainda mais insustentável.

Fico curioso em saber como essa novela vai se desenrolar e se ainda existirá algum minerador/validador com coragem de colocar seu dinheiro em stake depois deste evento.
Acho que este episódio vai ensinar muito mais sobre teoria de jogos e confiança do que sobre tecnologia.

Muito obrigado pelo empenho de ler, traduzir e fazer esta análise pra gente.

2 curtidas