Ainda na fase pessimista, a quantidade de investidores pessoas físicas inscritas para operar na bolsa de valores de certa forma permaneceu estável no período de 2007 a 2017, quando passou a crescer de forma mais acentuada.
Fonte: https://www.infomoney.com.br/onde-investir/acoes/noticia/8260177/bolsa-se-aproxima-de-1-milhao-de-investidores---mas-ainda-e-pouco
Mesmo assim ainda é pequena a participação das pessoas físicas no bolsa de valores. Em comparação com os Estados Unidos, por exemplo, mais de metade das famílias investem em ações por lá, segundo pesquisa do FED realizada em 2016 (citado no artigo do link acima de onde o gráfico foi extraído). Pesquisando no YouTube por “day trade” que é um tipo de operação realizada na bolsa de valores você encontra vários vídeos, alguns ao vivo. Se você assiste vídeos sobre finanças o próprio YouTube começa a mostrar vídeos sobre “day trade”. Em outras palavras, ou seja, em português direto e reto, “day trade” não é ilegal mas é especulação. Este tipo de operação é feito diariamente, você compra ativos durante o dia, mas também os revende no decorrer do dia, ou seja, no final do dia você zera a sua posição de ativos. E como isso é possível? Por causa de uma coisa chamada “marcação a mercado”. Os preços dos ativos negociados no bolsa de valores são marcados a valores de mercado ao longo do período em que os ativos estiverem sendo negociados (chamado de pregão). Por isso os gráficos dos preços variam o tempo todo, sobem e descem. Um tuite do Trump, uma fala do ministro da economia, drones atacando refinarias, tudo gera reflexo instantâneo no preço dos ativos. De forma bem simplificada e resumida você compra um ativo a R$ 5,00 e espera ou quer revender por um preço acima dos R$ 5,00, durante o dia. Tem que fazer contas com os custos (a corretora cobra por cada operação de compra e de venda) e os impostos de cada operação, ou vender com prejuízo mesmo, assim é a vida de um “day trader”.
Você está pensando em ficar rico fazendo “day trade”? Pois então veja o estudo feito a pedido da CVM – Comissão de Valores Mobiliários encomendado para a FGV – Fundação Getúlio Vargas (aquela que calcula índices de inflação e também é uma faculdade de administração entre outras coisas que faz) sobre “day trade” no mercado de minicontratos de dólar e de índices.
Fonte: https://eesp.fgv.br/noticia/viver-de-especulacao-diaria-e-quase-impossivel-mas-tem-cada-vez-mais-brasileiros-fazendo
Porque que se negocia contratos de dólar na bolsa? Não seria mais prático comprar direto no banco, numa casa de câmbio ou usar o cartão de crédito? Sim, para quem quer “pegar” (ou gastar) o dólar não existe outra solução melhor. Na bolsa os contratos que podem ser subdivididos em diversos minicontratos de menor valor para facilitar as operações, como o nome diz, são contratos e qualquer contrato é chamado assim porque tem condições/requisitos como prazo (data de vencimento), valor ou preço, taxa, etc. Ou seja, comprar um contrato ou minicontrato de dólar é o mesmo que comprar dólar hoje para pegar e pagar um preço prefixado hoje numa data futura (geralmente a corretora exige que se faça um depósito que varia de acordo com o valor da operação para garantia e se o preço flutuar para cima ela pode pedir mais depósitos senão ela liquida sua operação). Se o preço do dólar estiver acima do que o preço pago pelo contrato que você comprou então você vende e sai com lucro, pagou menos por algo que hoje está valendo mais (lembrando que no “day trade” você compra e vende no mesmo dia). Se o preço do dólar cair você sai no prejuízo, paga mais por algo que está valendo menos. A graça dessa brincadeira é que você pode comprar e vender os contratos até o vencimento, não precisa ficar ou segurar os contratos comprados até o vencimento. Esse mercado de compra e venda de contratos ou minicontratos é diário, é um mercado onde tem gente vendendo e gente comprando o tempo todo. Não existe só operação de “day trade” de contratos de dólar, você pode comprar e segurar por alguns dias ou até o vencimento, neste caso não é chamado de “day trade”. “Day trade” não tem a ver com outro tipo de operação que pode envolver moedas, chamado de “swap cambial”. Em resumo é uma aposta, mas os especialistas contam com diversos dados e informações sobre o mercado, tendências, gráficos, análises, etc. Além disso, mesmo estando em empresas diferentes e concorrentes, eles conversam. Tubarão normalmente não come tubarão, prefere coisas menores e/ou mais fáceis. Dinheiro não se cria, se transfere, troca de mãos, de bolso ou de carteira. É o trabalho deles para o qual dedicam pelo menos oito horas diárias. E você quanto tempo dedica ou vai dedicar para ganhar tanto quanto ou até mais do que os especialistas que além de tudo tem por trás alguns milhões ou bilhões do banqueiro para investir? Não me leve a mal, não estou desmerecendo capacidade, vontade, esforço e persistência de ninguém. Tudo é possível, até ganhar muito dinheiro, tanto quanto ou até mais do que os especialistas, mas não é algo fácil ou simples. A sorte faz parte e acontece em alguns momentos, mas não é algo constante ou que se possa contar sempre. Pelo menos dê uma olhada no estudo da FGV antes de se aventurar com base numa expectativa que nem sempre se concretiza, por mais que digam que é possível. Impossível não é, mas saiba quais são as chances reais. Entrar num terreno novo é possível e nestes casos sempre é melhor ter o máximo de informações possível. Vale muito a pena dar uma olhada no estudo que desmistifica um pouco a ilusão de se viver “da bolsa”.