O texto ficou um tantinho “esticado” e vai ser dividido em três partes. Quem estiver interessado apenas nos equipamentos e programas que rodam nos foguetes da SpaceX pode pular esta parte de introdução e ir direto para o próximo post.
Para quem gosta do assunto exploração espacial (notícias, artigos, livros, filmes, documentários, etc.) e assuntos relacionados ao tema o último dia 30 de maio foi um dia especial. Depois de nove anos um foguete tripulado por astronautas americanos partiu do solo americano em direção a ISS - International Space Station . Como novidade principal trata-se de um foguete projetado e construído por uma empresa privada, a SpaceX num contratinho estimado entre de 2.6 bilhões e 3.1 bilhões de dólares com a NASA . O lançamento da empresa privada SpaceX que colocou os dois astronautas no espaço foi o lançamento n.º 52, com os anteriores partindo sem tripulantes. Todos os projetos anteriores dos americanos nasceram dentro da NASA - National Aeronautics And Space Administration , uma agência do governo americano, que contratava empresas privadas apenas para a construção dos seus projetos. Por enquanto a SpaceX saiu na frente colocando em órbita dois astronautas com seu foguete Falcon 9 e a cápsula Crew Dragon . Enquanto a Starliner da Boeing ainda não levou nenhum astronauta para o espaço tendo um contratinho de mais de 4.0 bilhões de dólares. Quem segura Elon Musk que criou o PayPal e vendeu para o eBay , faz os carros elétricos (quase autônomos?) Tesla e ainda pretende colonizar Marte? Quem viver verá.
O último voo tripulado para o espaço orbital que partiu do território americano tinha ocorrido em 08 de julho de 2011, era a missão n.º 135 do ônibus espacial Atlantis . Ao todo foram construídos seis ônibus espaciais batizados como: Enterprise, Columbia, Challenger, Discovery, Atlantis e Endeavour . A Challenger explodiu no lançamento em 28/01/1986 e a Columbia se desintegrou ao reentrar na atmosfera em 01/02/2003, duas tragédias que mataram quatorze astronautas no total. A Endeavour foi construída para repor a perda da Challenger . A Enterprise que foi o primeiro ônibus espacial ficou pronto em 1976 e foi usada apenas para a realização de diversos testes durante o ano de 1977, com o protótipo de testes sendo lançado a partir de um Boeing 747. O Columbia foi o primeiro ônibus espacial a ser lançado para o espaço orbital, em 12 de abril de 1981. O diferencial do programa de ônibus espaciais era a capacidade de carga e a reutilização desses ônibus espaciais. O cancelamento do programa teve dois motivos principais, o alto custo de cada missão e os riscos envolvidos que resultaram nas duas tragédias que mataram todos os tripulantes. A fabricação do último ônibus espacial, o Endeavour custou em torno de 1,7 bilhão de dólares em 1991. Cada missão / lançamento do ônibus espacial custava em torno de 450 milhões de dólares. Estima-se que ao todo o programa consumiu pouco mais de 60 bilhões de dólares. Além de ter sido fundamental no transporte de peças e equipamentos para a construção da estação espacial ISS o programa do ônibus espacial, por exemplo, também foi o responsável pela colocação em órbita do telescópio espacial Hubble . Aliás, o Brasil entrou no projeto da ISS em 1997, era um dos dezesseis países que participariam da construção da estação espacial, cabendo ao nosso país a tarefa de construir seis peças a um custo de cerca de 120 milhões de dólares, mas depois de dez anos sem entregar um parafuso sequer o nome do Brasil deixou de aparecer na lista de países participantes do projeto. No período em que ficou sem meios próprios para colocar astronautas na estação espacial os Estados Unidos viajavam de “carona” com os Russos pagando pela “passagem” na apertada Soyuz um preço estimado entre 80 a 90 milhões de dólares por cada “passageiro”. Isso ainda deve acontecer mais uma vez neste ano de 2020 quando está agendado a substituição da atual tripulação da ISS que serão substituídos por dois russos e um americano, mesma composição de tripulantes ocupando atualmente a estação espacial. Já imaginaram os Russos ocupando sozinhos a ISS que praticamente foi construída em grande parte pelos Americanos com ajuda de Europeus nas várias viagens usando ônibus espacial da NASA ? “Nunca que os Americanos iam deixar isso acontecer”.
Quem assistiu o lançamento ao vivo ou depois, entre outras coisas viu que os dois astronautas a bordo da cápsula Crew Dragon levados pelo foguete Falcon 9 comandavam a nave usando grandes telas touchscreen na cabine que contava com bom espaço para bagagens e até mesmo com um banheiro. Em princípio a viagem até as proximidades da ISS impulsionada pelos foguetes do Falcon 9 não demoraria mais do que alguns poucos minutos. Outra inovação do projeto de foguetes da SpaceX é a reutilização dos foguetes lançadores que retornam e pousam na vertical em locais previamente definidos, normalmente numa balsa ancorada no mar. Chegar perto é uma coisa, mas atracar é outra. Entre o lançamento do foguete e o acoplamento na estação espacial ISS que fica orbitando o nosso planeta a pouco mais de 400 km de altura a viagem demora quase vinte horas sem levar em conta os preparativos para a viagem que começam muitas horas antes dos astronautas entrarem na cabine, que mesmo instalados lá dentro ainda esperam algumas horas antes do lançamento. Uma viagem num avião comercial entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo distantes pouco mais de 400 km leva menos de uma hora, sem entrar em detalhes como check in , embarque e desembarque, etc. Mas a estação espacial ISS voa a uma velocidade aproximada de 27.700 km/h completando quase 16 voltas ao redor da terra num ciclo de 24 horas. Acoplar uma nave/cápsula sem causar um acidente em outra que se move a esta velocidade, mesmo sendo no espaço com gravidade quase zero, não é tarefa tão simples como ir de um ponto a outro. Simplificando e resumindo bastante, a técnica mais usada é colocar a nave em orbita um pouco abaixo da estação espacial numa velocidade maior do que a ISS numa espécie de perseguição. Com muitos cálculos sendo feitos a nave vai sendo colocada na mesma altitude e quando isso ocorre a perseguição se inverte, a nave entra na frente da ISS por causa da sua velocidade um pouco maior. Quando isso ocorre a nave é alinhada com a ISS e depois é virada de frente (onde fica a ponta da nave) para permitir o acoplamento na doca da ISS . Tudo isso ocorre com a cápsula e a ISS viajando a 27.700 km/h aproximadamente. Cabe a cápsula fazer os ajustes para ficar na posição correta com pequenos acionamentos do motor que fica desligado a maior parte do tempo para economizar combustível.
Missões dos Ônibus Espaciais:
Custos:
https://www.terra.com.br/noticias/educacao/infograficos/onibus-espaciais/onibus-espaciais-01.htm
Sobre a ISS:
Brasil fora do programa ISS:
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL43223-5603,00.html#:~:text=O%20Brasil%20está%20fora%20do,de%20fabricantes%20da%20base%20orbital
Continua…