Prêmio Nobel de Economia Prevê Fim do Bitcoin em 10 Anos

Introdução

Existe um podcast em inglês chamado Capitalisn’t que é publicado no canal do YouTube Stigler Center. O podcast é conduzido em parceria pela jornalista Bethany McLean e pelo professor de economia da Universidade de Chicago, o Italiano radicado nos EUA Luigi Zingales. O Centro George J. Stigler ou Stigler Center foi criado em 1977 com objetivo de promover estudos no campo da economia, do estado e das interseções entre política e a economia. O centro foi criado pela Escola de Negócios da Universidade de Chicago. George Joseph Stigler que dá nome ao centro foi um economista americano que ganhou o Nobel de Economia em 1982. No dia 30 de janeiro de 2025 saiu o episódio 142 do podcast com o seguinte título no original: Why This Nobel Economist Thinks Bitcoin Is Going to Zero, with Eugene Fama, em tradução livre: Por que um economista ganhador do Nobel acha que o Bitcoin vai valer zero, com Eugene Fama. O professor da Universidade de Chicago e economista americano Eugene Francis Fama (Nobel de Economia em 2013) é considerado um dos 10 economistas mais influentes de todos os tempos com base em suas contribuições acadêmicas de acordo com o Research Papers in Economics. Fama é considerado o pai das finanças modernas por seu trabalho empírico sobre teoria de portfólio, precificação de ativos e hipótese dos mercados eficientes.

Resumo da descrição do vídeo

Em dezembro de 2024, o Bitcoin atingiu US$ 2 trilhões em capitalização de mercado, superando empresas como Tesla, Meta e Saudi Aramco.

O lendário investidor Ray Dalio chamou criptomoeda de bolha uma década atrás e agora ele a chama de “uma invenção e tanto”. Larry Fink, da BlackRock, referiu-se anteriormente ao Bitcoin como um índice de lavagem de dinheiro. Hoje, ele diz que é “um instrumento financeiro legítimo”. Menos de 36 horas após lançar sua própria criptomoeda antes de sua segunda posse, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parecia ter feito mais de US$ 50 bilhões para si e suas empresas. Durante seu primeiro mandato, Trump chamou a criptomoeda de “não dinheiro, cujo valor é altamente volátil e baseado no nada”.

O Bitcoin usa mais eletricidade do que muitos países — cerca de 91 terawatts-hora anualmente. Esse volume é insustentável? O que torna seu valor tão volátil e quais são as implicações para o setor bancário e nossa economia? Se o propósito das criptomoedas é uma reação a uma desconfiança subjacente em instituições financeiras, o blockchain descentralizado, o livro-razão tecnológico que permite a troca anônima de criptomoedas, pode consertar isso? Por último, mas não menos importante, por que os apoiadores de um serviço descentralizado, cujo valor está em sua existência fora das estruturas governamentais tradicionais, precisam gastar bilhões em lobby para convencer políticos, incluindo o presidente, de sua utilidade?

Resumo do podcast em português

Nos primeiros 10 minutos do vídeo os apresentadores falam sobre criptomoedas em geral. Eles explicam o que é uma criptomoeda, abordam as meme coins, as stablecoins etc. O convidado Eugene Fama entra por volta dos 10 minutos. No início as perguntas giram em torno de bolhas financeiras e valor intrínseco de ativos. O tema das criptomoedas, do Bitcoin e do Blockchain começa a ser tratado por volta dos 13 minutos. Destaco uma fala do Fama que é dita por volta dos 15 minutos: “criptomoedas vão contra tudo o que sabemos sobre fundamentos da teoria monetária” (teoria monetária em breve resumo trata da circulação da moeda na economia e os impactos gerados por decisões governamentais) e finaliza dizendo em síntese: tudo que contraria a teoria monetária não deveria sobreviver. Segundo Fama (um prêmio Nobel de economia) blockchain é muito complicado. O apresentador Luigi fala sobre o processo de remessa de dinheiro dos EUA para Zimbábue e argumenta que uma remessa desse tipo seria mais ágil e eficiente por meio de criptomoeda. Para Fama um computador poderia processar a remessa de dinheiro pela via tradicional e no fim apresentador e Fama concluem que tanto no exemplo de Fama como no caso de uma Blockchain tudo se resume a confiar numa máquina, porque via de regra não se confia tanto nos humanos para cuidar disso. Para Fama sempre haverá gente tentando “corromper” o Blockchain e isso gera um consumo exagerado de energia (subentende-se que Fama está se referindo a prova de trabalho do sistema Bitcoin (PoW). Por volta dos 17 minutos o apresentador Luigi fala do Ethereum, do seu sistema de PoS (não cita explicitamente, mas fica subentendido que está falando do Proof of Stake) que diminui o consumo de energia no Ethereum que ainda roda contratos inteligentes. Para Fama as criptomoedas violam todas as regras que fazem da moeda o melhor meio de troca (pagamento) além de não ter um valor estável e com isso afasta os usuários. Por volta dos 19 minutos o apresentador Luigi muda o foco e fala que há um movimento que está levando o Bitcoin de meio de pagamento para uma forma de investimento citando a palavra “ouro digital”. Fama rebate dizendo que como “ouro digital” precisa ter algum uso (eu chuto que aqui o Fama está pensando em usos reais do ouro como joias, por exemplo), se não tiver outro tipo de uso no mundo real, será apenas “papel” ou melhor, sequer existe fisicamente. Luigi explana sobre algum oligarca Russo cheio de grana que eventualmente poderia comprar alguns milhões em Bitcoins para se precaver e poder sobreviver em qualquer lugar do mundo. Ele ainda cita como exemplo que na Europa todos que tem boas condições econômicas guardam algumas moedas de ouro em local seguro para poderem fugir com essas moedas de ouro no bolso. Fama insiste no argumento do valor, para ele o ouro tem valor porque tem uso enquanto as criptomoedas não teriam uso do ponto de vista físico (voltando a nossa suposição, para ele o ouro físico tem valor porque pode ser transformado em joias ou moedas). Fama sempre insiste na questão do valor real e dos outros usos. Por volta dos 23 minutos a apresentadora Bethany pergunta a opinião de Fama sobre moedas estáveis dando exemplo de uma criptomoeda estável (que ela não cita o nome) que acabou tendo problemas e perdeu valor, no caso ela sugere que poderia ser criptomoeda instável. Fama não se coloca tão contrário à ideia de uma vinculação do dólar com uma criptomoeda. Por volta dos 24 minutos Luigi coloca na mesa o tema das moedas digitais dos bancos centrais. Para Fama o dólar já é digital com uma única ressalva, antes não poderia ser emitido ilimitadamente e agora parece que pode ser emitido sem limites. Aos 25 minutos o debate continua sobre moeda digital dos bancos centrais, sobre confiança nos bancos e a necessidade de passar por eles sempre que enviamos dinheiro para alguém mesmo usando aplicativos. Para Luigi a existência de intermediário (banco ou alguma empresa de pagamento como PayPal) sempre deixa em aberto a chance desse intermediário bloquear a transação e até mesmo fechar a conta de um cliente, o que não ocorreria no caso da criptomoeda que não tem intermediário. Luigi argumenta que os intermediários (como um banco) podem simplesmente fechar uma conta e seguir em frente deixando a pessoa que teve a conta encerrada a ver navios e tendo poucos bancos concorrentes na atualidade em relação ao passado, quando havia muitos bancos para escolher. No mundo das criptomoedas isso não é possível (bloquear uma conta específica) e alguma medida que algum governo adote vai impactar todo o sistema. Aos 27 minutos Bethany faz uma pergunta objetiva para Fama dizendo que o Bitcoin vale mais de 2 trilhões de dólares neste momento e pergunta para Fama se ele acha que Bitcoin é uma bolha. Fama diz que não sabe quando, mas ele espera que a bolha do Bitcoin estoure. Essa previsão de Fama se dá porque para ele as criptomoedas põe em cheque a teoria monetária. Para Fama a chance do Bitcoin cair até zero é muito grande nos próximos 10 anos argumentando que ele ainda acredita na teoria monetária. Para Fama se e quando o Bitcoin for a zero os investidores vão correr até os governantes pedindo para serem socorridos e os governos serão obrigados a criar e impor uma série de regras quando essa bolha estourar. Fama diz que talvez seja melhor os governos começarem a criar regras desde já para controlar as transações, sobre as pessoas que administram as bolsas onde as criptomoedas são negociadas entre outras ações possíveis para minimizar a futura quebra ou estouro da bolha do Bitcoin. Luigi diz que na opinião dele, considerando que o Bitcoin nasceu para ser uma alternativa ao sistema financeiro tradicional, as moedas tradicionais e as criptomoedas não deveriam se misturar e se as criptomoedas quebrassem não afetariam o sistema financeiro tradicional. Por volta dos 31 minutos Bethany pergunta porque os entusiastas das criptomoedas estão tão empolgados e orbitando em volta de Trump se o objetivo raiz dos seus criadores era existir à margem dos governos. Luigi argumenta que a vinculação das criptomoedas com governantes, como está ocorrendo com Trump ajuda a alavancar a disseminação, e se o governo americano incluir o Bitcoin como parte das suas reservas (há alguns indícios circulando sobre isso) esse efeito será ainda maior. Fama discorda e acha que pode até ter um efeito oposto justamente porque o governo está colocando suas mãos no Bitcoin. Bethany diz que não vê sentido nisso e Luigi diz que empresários visam lucro mesmo contrariando a lógica enquanto acadêmicos gostam de ser lógicos mesmo que isso signifique perder dinheiro. A participação de Fama termina aos 33 minutos.

Conclusão

Apesar de gostarmos do Bitcoin sempre vale a pena ouvir o que os críticos com bons argumentos têm a dizer sobre o tema. Eugene Fama é considerado o pai das finanças modernas. Aos 86 anos ainda impressiona pela lucidez. Como ganhador de um prêmio Nobel e professor de uma das mais renomadas escolas de economia dos EUA merece todo o respeito.

Links:

https://www.capitalisnt.com/

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