Entre um texto e outro sobre assuntos mais ou menos relacionados com o mundo das criptomoedas, ainda sobra tempo para aparecermos por aqui com algum assunto mais ou menos aleatório e/ou curioso.
Nós que nascemos e crescemos no ocidente usamos o sistema latino ou de origem romana composto basicamente por 26 letras (a, b, c, d, etc.) maiúsculas ou minúsculas. Outro tipo de escrita mais antigo foi desenvolvido na região da Ásia, que muitos chamam incorretamente de ideogramas.
O Japão usa um sistema que tem três formas de escrita: hiragana e katakana com 46 caracteres básicos cada um e kanji com um número incerto que passa dos milhares, que é baseado na escrita Chinesa, todas criados por volta de 1880. Entre os anos de 1870 a 1880 cogitou-se até a adoção do inglês como língua oficial no Japão com outra corrente defendendo o uso da romanização (escrita de palavras japonesas com uso do alfabeto romano). Algumas fontes estimam que pode haver mais de 40 mil kanjis, muitos já abandonados ou esquecidos e que não são usados no dia a dia.
A China que é mais antigo do que o Japão atualmente tem um sistema oficial (Mandarim tradicional e simplificado). Existem muitos dialetos locais como por exemplo o Cantonês que ainda é utilizado por habitantes da região de Cantão e adjacências. A principal característica da escrita Chinesa, conhecida como hanzi é que não há um alfabeto, como nós conhecemos e usamos. Muitos se referem a escrita Chinesa como ideogramas, no entanto o correto é logograma onde cada logograma representa uma palavra. A quantidade de logogramas usados na escrita Chinesa também é incerto e a quantidade depende da fonte consultada, variando de cerca de 50 mil e podendo passar dos 100 mil.
Imagine a quantidade de teclas que seriam necessários num teclado para escrever em Japonês ou em Chinês incluindo as teclas F1, F2, números, teclas de operações algébricas etc. Um teclado comum no padrão ocidental (qwerty) com todas as teclas de função, teclas numéricas, pontuação etc. deve chegar perto das 100 teclas, sendo que nosso alfabeto romano tem menos de 30 letras.
Apesar de existirem pessoas que gostam de complicar em vez de aperfeiçoar, melhorar, evoluir e simplificar temos estudiosos e pesquisadores que investem seu tempo de forma positiva.
Em 1949 foi criado a República Popular da China, sob governo do Partido Comunista Chinês liderado por Mao Tsé-Tung. No ano seguinte surgiu na China, em pleno governo comunista a base de um método que hoje se disseminou no mundo todo e que aparece nos aplicativos de troca de mensagens e de busca tentando adivinhar o que estamos escrevendo, a função autocompletar. Ela surgiu na China com o objetivo de melhorar o processo de digitação em máquinas de escrever que eram verdadeiras geringonças comparadas com a forma atual de escrita usando notebooks e PC’s.
Uma máquina de escrever japonesa (pensa num escritório com uma dúzia dessas máquinas sendo usadas ao mesmo tempo):
Outro modelo de máquina de escrever Japonês em funcionamento:
As máquinas de escrever baseadas no alfabeto romano são (ou eram) muito mais simples:
Uma forma de escrita em Japonês usando teclado padrão ocidental nos dias atuais pelo método romanização (escrever letras japonesas com letras romanas):
Já nos anos 50 em pleno país comunista a velocidade de digitação e portanto de produção era um fator importante e acabou impulsionando pesquisas visando agilizar o lento processo de escrita mecânica. Os digitadores da época não tinham vida fácil, encontrar um logograma no meio de milhares não era moleza.
Engenheiros, pesquisadores e estudiosos Chineses se debruçaram sobre este problema nas décadas seguintes (1960 e 1970). Um dos primeiros passos consistiu na reorganização do layout dos logogramas (algo como mudar a localização das letras do teclado) criando um novo layout agrupando logogramas em grupos de palavras e frases comuns. Nasceu ali a semente do atual sistema de autocompletar, que de vez em quando prega algumas peças e nos envergonha enviando frases sem sentido nos app de mensagens.
Outro dia vi uma discussão no reddit sobre uso da linguagem de programação na China. Aparentemente a conclusão é que a maioria dos programas são desenvolvidos em língua inglesa com eventual uso de palavras Chinesas para algumas identificações específicas dentro do programa, principalmente se ele tiver como finalidade o mercado interno. Tem um porém, parece que existem alguns programas escritos em mandarim com objetivos que não são exatamente nobres.
Caso queira saber mais:
https://studycli.org/chinese-characters/number-of-characters-in-chinese/