Mudança no destinatário da transação

Bom dia a todos eu vim pelo canal eu entendi um pouco como a mineração funciona mas fiquei com uma duvida oque impede o minerador de criar uma transação que não existe pegando uma carteira pública como satoshi 50btc> minerador, se foi explicado em algum vídeo podem me mandar aqui valeu

Olá, seja bem vindo!

Resposta:

Essa questão é uma das que eu considero mais fáceis de explicar e mais difíceis de entender para quem está conhecendo esse mundo.

Antes de tentar responder, vale a pena esclarecer que no caso específico do Bitcoin, que é um Blockchain do tipo público ou aberto (existem Blockchains fechados ou privados que podem ser acessados apenas com autorização) todas as carteiras (números das contas) e seus respectivos “saldos” são públicos, existe alguma dificuldade para vincular o nome de uma pessoa (física ou jurídica) a uma conta, mas com algum esforço isso também pode ser feito. Considerando que o Blockchain é público qualquer carteira e respectivo saldo pode ser “xeretado” por qualquer interessado (existem vários sites disponíveis na internet).

O sistema trabalha com duas chaves (pública e privada). A pública funciona como se fosse o número da sua conta dentro do sistema (igual a conta de um banco). Para receber algum depósito nesta conta você informa esta chave pública para o pagador/remetente. A chave privada funciona como a senha e não deve ser revelada em hipótese alguma porque com ela qualquer um poderá acessar e transferir o saldo da sua conta. Os especialistas que têm domínio desse processo criam as suas próprias chaves, mas é preciso ter cuidado para não ter dor de cabeça depois. Para quem não é especialista existem diversos aplicativos que fazem esse processo e disponibilizam uma “interface” amigável para os usuários poderem utilizar o sistema (receber e/ou transferir criptomoedas). E neste caso dos aplicativos (de PC ou smartphone), geralmente eles pedem a criação de uma senha adicional que é a senha específica do aplicativo (geralmente de 4 ou 6 dígitos). Já a vinculação entre o usuário do aplicativo e a chave privada é feito pelo aplicativo funcionando por trás da interface poupando o trabalho para usuários sem maiores conhecimentos técnicos. Neste caso dos aplicativos, caso ocorra a perda ou quebra do aparelho onde está instalado, os aplicativos fornecem uma forma de recuperação que pede a digitação de uma certa quantidade de palavras em sequência (geralmente doze) como casa, carro, cadeira, praia, sorvete, teclado etc.

Pegando seu exemplo de 50 BTC’s (estima-se que as contas de Satoshi guardam cerca de 900 mil bitcoins) que teoricamente estariam guardadas numa carteira (digital) seria necessário saber a chave privada (alguns chamam de senha) dessa conta para poder efetivamente transferir o saldo dessa conta para outra carteira.

Sendo mais objetivo, o que impede o minerador ou qualquer outra pessoa de criar uma transação transferindo saldo de qualquer conta para a sua própria conta é a necessidade de ter a senha da conta que envia os bitcoins. Se fosse fácil e/ou simples criar transações transferindo saldos “soltos” ou esquecidos o Bitcoin não valeria o que vale hoje. Para concluir, o negócio e tão difícil que milhares de bitcoins estão perdidos pelos seus donos legítimos simplesmente porque eles próprios esqueceram ou perderam a senha e não conseguem acessar a sua própria conta. Aliás, estima-se que cerca de 20% dos bitcoins que foram criados pelo sistema ao longo do tempo estão perdidos.

Se você conheceu o canal do Tiago no YouTube vai encontrar por lá diversos vídeos explicando todas essas questões como criptografia, chave pública e privada, carteira digital etc.

Especificamente com relação ao título “Mudança no destinatário da transação”, salvo engano, você parte do seguinte princípio: quando um minerador “pega” uma transação ele consegue “manipular” essa transação, por exemplo alterando o número da conta de destino de uma transferência.

Existem diversos processos ocorrendo durante a mineração, uma delas é popularmente conhecida por usar conceito da teoria dos jogos. Todos os mineradores são competidores concorrendo entre si, esse é um motivo que gera muita crítica pelo consumo elevado de energia, ou seja, milhares de computadores trabalhando a carga máxima para fazer exatamente a mesma coisa (minerar o próximo bloco) em 10 minutos, mais ou menos. Ou seja, todos os mineradores podem “pegar” uma determinada transação para processar (quebrar a criptografia para conferir se é uma transação “boa” ou não. Mas quando um minerador “pega” uma transação na fila não significa que ele tira a transação da fila, ou seja outros mineradores também poderão “pegar” essa transação para processá-la. De que adiantaria um minerador “pegar” uma transação e alterá-la quando outros mineradores também estariam em tese processando aquela mesma transação com os dados corretos enquanto somente um minerador aparece com um favorecido diferente? E de que adiantaria correr esse risco sem saber se o bloco que contém uma transação alterada/manipulada por um minerador vai ser o bloco aceito? Lembrando que milhares de mineradores estão minerando o mesmo bloco numa disputa para ver quem ganha essa “corrida”.

Em tese, no mundo dos Bitcoins, não existe estorno nem outra forma de recuperar alguma transação indevida a não ser que o outro lado (recebedor) devolva realizando uma nova transação. O que foi processado, em tese, não tem volta. Se um usuário cai num golpe e envia qualquer quantidade de criptomoedas não tem como reverter, estornar ou cancelar uma transação.

2 curtidas

Opa valeu entendi muito boa explicação