Mensagem de Final de Ano

O ano de 2020 ficará marcado para sempre em nossos corações e mentes. Torcemos para que o próximo ano, que está logo ali, também seja um ano para ser lembrado, mas por causa das coisas boas que irão acontecer. Que o próximo ano seja muito melhor do que 2020 que já vai tarde. Na medida do possível que predominem sentimentos de otimismo e esperança em todos nós.

A decisão de se reunir será uma escolha de cada um e daqueles que nos cercam. Os riscos estarão por aí, procurando pelos desprevenidos e incautos, vagando pelo ar e pousando nas mesas, talvez modestas pelos efeitos da crise.

Essa escolha nada tem a ver com a reconhecida necessidade que move diariamente milhões de pessoas para fora das suas casas para trabalhar e lutar pelo sustento da família, se protegendo e por consequência protegendo as outras pessoas.

Sabemos que há motivações que vão além da simples razão e do bom senso que empurram muitas pessoas de volta para as ruas. Existem momentos em que alguns limites se tornam insuportáveis, revelando toda a nossa fragilidade, principalmente quando somos confrontadas com riscos que não enxergamos, apesar de estarem pairando no ar que respiramos e que nos mantém vivos, mas ao mesmo tempo pode trazer muita dor e sofrimento.

Outra parte decidiu voltar a viver a vida como sempre viveu, enchendo bares, lotando casas noturnas, congestionando ruas e avenidas, ocupando as praias, passeando nos shoppings etc.

Causa e efeito ou escolha e consequência se traduz numa frase de Pablo Neruda (1) que eu nunca li, mas que é o autor de uma das minhas frases favoritas: você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das conseqüências ”. (1) Você é livre para fazer suas escolhas,... Pablo Neruda - Pensador

Milhares de brasileiros (milhões em todo o mundo) choraram suas perdas ao longo deste ano. Muitos avós, pais, irmãos, filhos ou parentes, amigos e pessoas próximas não estarão presentes fisicamente neste Natal e no resto dos dias que virão, apenas a saudade e as lembranças estarão na mesa, nas mentes e nos corações.

Num ano que foi atípico vamos fechar o ano deixando os nossos mais sinceros sentimentos de estima e consideração para os leitores deste site de forma diferente, ao invés de um vídeo com temática natalina vamos inovar com um bolero vietnamita, coisa que os nossos leitores só encontram por aqui onde tentamos fazer algo a mais do que o lugar comum (talvez disruptivo) porque mesmice tem de sobra por aí.

Vidas murcharam e caíram aos nossos pés, como pétalas de rosas que secaram, caíram no chão sem vida e agora estão cobertas pelo orvalho do amanhecer ou pelas lágrimas dos que talvez nem tenham tido oportunidade de se despedir. Para muitos a vontade de rever alguém especial pelo menos mais uma vez será apenas e tão somente isso, um desejo que ficará guardado para sempre num cantinho de cada coração. Nos dias especiais como Natal, Ano Novo, Aniversário, Dia dos Pais e Mães ou das bodas que jamais serão comemoradas nos lembraremos que a dor da perda de uma pessoa querida acaba apenas quando nós mesmos nos tornamos motivo para que os outros sintam essa mesma dor misturada com saudade e alimentada pela esperança de reencontro em algum lugar além deste em que permanecemos por algum tempo, como diz a letra abaixo de Dương Khắc Linh na música Cánh Hồng Phai , em tradução tabajara: Pétalas de Rosa Que Murcharam (2).

(2) Hồ Quang Hiếu - Cánh Hồng Phai tradução em Inglês | Musixmatch

Nàng như một đóa hồng phai
Você é como uma rosa pálida

Hương sắc héo hon theo những ngày dài
Seu perfume vai diminuindo com o passar dos dias

Cuộc tình đi qua trong em
O nosso amor foi passageiro

Mang bao tiếc nuối trái tim vỡ tan
E deixou para trás um coração partido

Nhặt lại từng cánh rụng rơi
Tentando juntar as pétalas que caíram

Nàng vẫn xót xa cho chính đời mình
Sentindo pena da sua própria vida

Vì người em yêu đã nói
Porque eu te amava e dizia

Dung nhan tuyệt vời nhất thế gian là em
Que você era a pessoa mais bela do mundo

Khi em như hoa nhạt màu (*)
Quando alguém gosta de flores pálidas

Anh quên khi ta có nhau
Não se lembra quando e onde colheu

Những phút ân ái lần đầu
Nem dos primeiros momentos íntimos

Cho tim càng thêm nhói đau
Isso deixa o meu coração apertado

Cánh hoa tàn
Estas pétalas sem vida

Dưới chân nàng
Debaixo dos seus pés

Là cả tuổi xuân rơi theo mối tình
Morreram na primavera como o nosso amor

Sương rơi trên cánh lụa hồng
Essas gotas escorrendo sobre as pétalas são de orvalho?

Hay nước mắt em ngóng trông
Ou será que são as lágrimas que estou derramando?

Mong tình sẽ đến một lần
Meu sonho é te encontrar mais uma vez

Bên em để thôi nhớ mong
Quero trocar as lembranças pela sua presença

Cánh hoa tàn
Estas pétalas sem vida

Dưới chân nàng
Debaixo dos seus pés

Là cả tuổi xuân rơi theo mối tình
Morreram na primavera como o nosso amor

Nàng khóc cho mình
E agora estão chorando solitárias.


Chẳng còn lại chút hồn nhiên
Agora não é o momento de ser inocente

Ánh mắt của nàng chất chứa muộn phiền
Os olhos cheios de tristeza não devem olhar para trás

Cuộc tình đi qua trong em
O nosso amor foi passageiro

Mang bao tiếc nuối, trái tim vỡ tan
Meu coração partido suporta esse sofrimento

Hẹn nhau nơi cuối cuộc đời
Porque sabe que vamos nos reencontrar no fim da vida

Ѕẽ có với nhau giâу phút tuуệt vời
Para vivermos momentos maravilhosos juntos

Mà đời đâu như trong mơ
A vida voltará a ser como um sonho

Để lại bơ vơ, nỗi đau mình em
A solidão e a dor ficarão para trás

(*) Repete este trecho mais duas vezes.

Obrigado pela mensagem e pelo seu esforço em manter este fórum sempre ativo e com conteúdo relevante.

Concordo com cada palavra aqui dita. Este ano foi muito difícil, especialmente para aqueles que de alguma forma foram afetados pelos eventos em curso.

Este ano precisei me afastar um pouco da produção de conteúdo e dos estudos sobre Bitcoin, mas sempre fico alegre de vir aqui eventualmente e ver que sempre há algo interessante para ler e aprender.

Gostaria de aproveitar o ensejo e conectar o alerta feito com uma analogia que sempre uso ao explicar segurança da informação:
“Segurança é tudo aquilo que você começa a fazer depois que sofre um ataque, porém deixa de fazer conforme o tempo trás uma falsa sensação de segurança de volta”.

A segurança é custosa e exige a constante vigilância, e a tendência do ser humano é sempre a de afrouxar medidas de precaução, especialmente quando não se tem ideia de por quanto tempo essas precauções são necessárias e nem quão efetivas são de fato. Basta observar como você age logo depois de ser assaltado, e depois de um ano do ocorrido.

Estamos em uma situação tão atípica que nem mesmo há consenso científico sobre praticamente nada, mas independente de qualquer coisa, no final o que deve ser levado em conta é o custo do erro: Quanto de dano estamos dispostos a tomar, qual é a consequência de termos falhado, e o quanto de esforço é necessário para consertar o erro, quando isto é possível.

Espero que de alguma forma esta mensagem faça sentido para você que está lendo e que ano que vem possamos continuar nesta caminhada de aprendizado.

Abraço!

1 curtida

A virtude da prudência

A quantidade e as definições das virtudes (A) variam, assim como a sua classificação (social, religiosa etc.). É um tema discutido desde tempos remotos, surgiu na Grécia de Aristóteles. Generosidade, misericórdia, gratidão, tolerância, coragem etc. são algumas virtudes mais comuns e como se nota, são exclusivas do ser humano. Geralmente os conceitos vinculam cada virtude a algo bom ou positivo. No outro extremo da virtude temos os defeitos, sob a ótica religiosa são os pecados ou no campo da moral, por exemplo a desonestidade. Ou seja, são aspectos negativos do comportamento humano.

Chegamos ao ano de 2021, e pelo menos para nós brasileiros, ao invés de entramos no ano novo parece que seguimos na mesma tocada (talvez 2021 seja um 2020 piorado, ainda não seja hora de falarmos que “o pior já passou” e a melhor hashtag seja “seringa já” ao invés de “vacina já”, como diriam os mais velhos, não coloque a carroça antes dos bois).

Pode ser que não nos importemos com o que acontece na casa do vizinho, no bairro, na cidade, no município, no estado, no país ou no mundo em que vivemos. O nosso atual estágio de evolução social, em todos os sentidos, foi alcançado única e exclusivamente porque aprendemos a viver em sociedade, convivendo com centenas, milhares e até milhões de outras pessoas que não conhecemos e possivelmente não vamos conhecer ao longo da vida. Interagimos eventualmente, mas não nos tornamos próximos a ponto de convidá-los para nos visitar em casa para um churrasco com “breja” ou para viajarmos. Essa convivência acontece porque a vida em sociedade é possível dentro de algumas “regras” implícitas (morais) e explícitas (leis). Existem outras que ajudam a compor essas “amarras” sociais sem as quais não seríamos “domésticos” no sentido racional. Uma delas que boa parte da sociedade aceita é a adoção de uma religião, que tem suas “regras”. Outro exemplo é o trabalho ou a prestação de serviços que tem suas “regras” para serem obedecidas. Quando não temos noção e convicção desse modo de vida em sociedade entre desconhecidos, porém iguais, voltamos no tempo para uma época anterior a essa vida em sociedade, tal como ela existe hoje. Eram tempos tribais (B), da vida apenas entre os que se conheciam e a palavra do líder valia mais do que a de qualquer outro. Um dos conceitos que expressa esse modo de vida tribal no mundo de hoje é o “patrimonialismo” (C ), criado por Max Weber. Em resumo perde-se a noção entre o público e o privado, os limites entre um e outro se esgarçam e o que deveria ser pensado e realizado visando o bem comum (principalmente dos desconhecidos) passa a ser usado para benefício próprio (para os “seus” e para os “conhecidos”, os da sua tribo). É uma infeliz volta a um passado tribal e dualista onde existiam amigos ou inimigos. Quer nos importemos ou não com tudo isso, é a partir das escolhas ou decisões desses líderes que a vida de todos nós será afetada de alguma forma, seja a nível global ou local.

Para fechar este tópico, já pisando em 2021, vamos deixar um vídeo do prof. HOC – Heni Ozi Cukier falando sobre a virtude da prudência, que será importante para a travessia deste ano que começa.

A – http://ead2.fgv.br/ls5/centro_rec/docs/etica_das_virtudes_ce.pdf

B - Tribalismo – Wikipédia, a enciclopédia livre

C - Patrimonialismo – Wikipédia, a enciclopédia livre