Libra a criptomoeda do Facebook e link para white paper

Pois é, depois de barrar anúncios de criptomoedas o Facebook lançou hoje a sua própria criptomoeda, batizada de Libra.

White paper do projeto Libra:
https://libra.org/en-US/white-paper/

Obs.: Os chineses saíram na frente com o app Wechat

Video instalando/compilando o testnet do Facebook coin (Libra coin).feito pelo Tiago e Companhia.

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Se não me engano eu assisti uma boa parte do filme “A Rede Social ou The Social Network” que conta a nebulosa ou nem tanto história do nascimento do Facebook e de como Mark Zuckerberg conheceu os irmãos Winklevoss, quando estudavam em Harvard, que alegam ser os verdadeiros “inventores” do Facebook. Esta história tem até um brasileiro no meio. Eduardo Saverin que é considerado cofundador do Facebook. Muitos anos depois, muito mais rico (bilionário) Mark Zuckerberg novamente pega uma ideia que não é originalmente sua, como mostra o filme, e tenta multiplicar o alcance e/ou poder do Facebook entrando no ramo das transações financeiras realizadas fora do sistema financeiro. Os irmãos Winklevoss processaram Zuckerberg e levaram dezenas de milhões de dólares que usaram para comprar bitcoins em 2011 e se tornaram famosos e bilionários. Será que Zuckerberg vai se dar bem de novo agindo da mesma forma? Vamos ver no que vai dar.
https://br.cointelegraph.com/news/winklevoss-book-bitcoin-billionaires-author-joins-hit-showtime-tv-series

Hoje, 26/06/19 saiu um artigo no portal UOL escrito por Hélio Beltrão, presidente do Instituto Mises Brasil, onde ele expõe basicamente seu ponto de vista neste momento sobre o lançamento do projeto Libra. O título já indica qual é a visão quanto ao assunto: “Libra é ofensiva tecnológica contra banco” e o subtítulo dá mais sinais do que vem no texto: “Próxima geração possivelmente não terá contas em banco como hoje concebemos”. Em breve resumo Hélio Beltrão diz que a Libra é a primeira moeda de alcance mundial desde que o padrão ouro acabou. 28 empresas já aderiram ao projeto incluindo Uber, Visa e Ebay entre outros que alcança um universo de 2,8 bilhões de pessoas ao redor do mundo. Transcrevo um pequeno trecho do artigo que considero uma visão interessante sobre o alcance do projeto Libra: “A libra é a primeira grave ofensiva tecnológica contra os bancos tradicionais e os cartões de crédito no Ocidente. Deverá provocar uma dramática redução dos custos de remessas internacionais, que perfazem mais de US$ 600 bilhões por ano, e será um competidor de custo quase zero das TEDs e das maquininhas de pontos de venda. Adicionalmente, viabilizará microtransações e ajudará a promover a inclusão financeira de mais de 1 bilhão de pessoas sem acesso a bancos.”. Pelo que entendi a referência a remessas internacionais engloba todos os pagamentos realizados nas operações de comércio internacional, indo muito além das pequenas compras realizadas por pessoas físicas via cartão de crédito englobando as transações comerciais de venda & compra de bens e serviços realizadas por países e empresas em contratos de milhões, como por exemplo a venda de um avião modelo Praetor 600 da Embraer que custa cerca de 22 milhões de dólares, quase 100 milhões de Reais para um país da Ásia, Europa ou América do Norte. Esse processo de receber o pagamento na origem e converter para Reais é feito pelos Bancos mediante cobrança das taxas citadas no texto. O mesmo ocorre na importação, para pagar uma importação o banco debita em Reais o valor equivalente ao valor a ser pago no destino e faz chegar o pagamento lá na conta do exportador mediante cobrança das devidas tarifas. A participação da Visa pode indicar que talvez ela esteja prevendo esse “estrago” no seu modelo atual de negócio e esteja se adiantando ou pondo o pé nesse “novo” negócio que talvez seja o evento disruptor do mundo bancário como hoje nós conhecemos. Neste caso, um processo que vem de cima para baixo, partindo de uma grande empresa de alcance global associado a outras grandes corporações. Amazon e Google, por exemplo, ainda não entraram. Será que lançarão suas próprias stable coins ou vão aderir a libra, de uma forma ou de outra poderão contribuir para o que pode ser a disrupção do mercado bancário e dos bancões.

O acesso ao artigo é restrito a assinantes, encontrei um blog que transcreveu o artigo, não sei quanto tempo ficará no ar, mas deixo o link abaixo para quem estiver interessado no texto completo.

Segundo o site digital shadows já existem mais de 100 endereços falsos relacionados a criptomoeda Libra e a wallet Calibra.

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Cinco membros do Congresso Americano enviaram uma carta aberta endereçada a Mark Zuckerberg e Sheryl Sandberg (Facebook) e David Marcus (Calibra) pedindo que suspendam os andamentos para o lançamento da Libra. Fiz uma interpretação tabajara do primeiro parágrafo onde é possível entender o objetivo do pedido, que transcrevo abaixo:

“We write to request that Facebook and its partners immediately agree to a moratorium on any movement forward on Libra- its proposed cryptocurrency and Calibra its proposed digital wallet. It appears that these products may lend themselves to an entirely new global financial system that is based out of Switzerland and intended to rival U.S. monetary policy and the dollar. This raises serious privacy, trading, national security, and monetary policy concerns for not only Facebook’s over 2 billion users, but also for investors, consumers, and the broader global economy.”

Escrevemos para solicitar que o Facebook e seus parceiros concordem em suspender imediatamente qualquer atividade de desenvolvimento relativa à criptomoeda chamada Libra e sua respectiva carteira digital Calibra. Avaliamos que tais produtos poderão ser usados para criação de um sistema financeiro global, inteiramente novo, com sede (fora dos Estados Unidos) na Suiça e tem intenção de ser tornar um rival do dólar e da política monetária americana. Isso poderá gerar sérios problemas de privacidade, para o comércio, para a segurança nacional e para a política monetária, não se restringindo aos mais de 2 bilhões de usuários do Facebook, mas também para investidores, consumidores e para a economia global de uma forma mas ampla.

Não é fácil não. Se já não bastasse a “mão grande” de Zuckerberg devidamente admitida e indenizada no passado, desta vez Alexander Lipton está dizendo que o White Paper do projeto Libra tem trechos iguais a um trabalho acadêmico chamado Digital trade coin: towards a more stable digital currency de autoria dele mesmo, Alex Lipton em conjunto com Thomas Hardjono e Alex Pentland em 18/07/2018 onde os autores fazem um estudo para criação de uma stable coin batizada de DTC - Digital Trade Coin.
Segue abaixo link da pesquisa publicada onde os autores sugerem a criação de uma nova criptomoeda e transcrevo um pequeno trecho inicial do original em inglês com uma tradução tabajara by google.

https://royalsocietypublishing.org/doi/full/10.1098/rsos.180155

“Today, for the first time ever, there is a possibility of designing a digital currency that combines the best features of both physical cash and digital currencies, including finality of settlement, partial anonymity and usability on the web. This currency is largely immune to policies of central banks that control the worlds’ reserve currencies. Such a currency has enormous potential to improve the stability and competitiveness of trading and natural resource producing economies. In the DTC, we propose to develop a trade-oriented asset-backed digital currency, aimed at facilitating international trade and making it as seamless as possible. This currency will be based on a proprietary framework combining the most recent advances in blockchain and distributed ledger technology, cryptography and secure multi-party calculations, together with time-tested methods for preventing double spending. In view of the fact that our framework relies in part on our own research and in part on ideas readily available in public domain, we do not anticipate specific intellectual property right issues. Unlike Bitcoin, it will be fast, scalable and environmentally friendly. It will also be transaction friendly because of its low volatility versus fiat currencies, not to mention cryptocurrencies.”

Hoje, pela primeira vez, existe a possibilidade de se criar uma moeda digital que combine as melhores características do dinheiro físico e das moedas digitais, incluindo confiabilidade das transações, anonimato parcial e usabilidade na web. Essa moeda seria amplamente imune a políticas de bancos centrais que controlam as moedas de reserva do mundo (*). Essa moeda tem um enorme potencial para melhorar a estabilidade das economias e a competitividade comercial e na produção de recursos naturais. No DTC, propomos desenvolver uma moeda digital lastreada em ativos orientada para o comércio, com o objetivo de facilitar o comércio internacional e torná-lo o mais simples possível. Essa moeda será baseada em uma estrutura proprietária combinando os avanços mais recentes em tecnologia blockchain e ledger distribuído, criptografia e cálculos multipartes seguros, juntamente com métodos testados pelo tempo para evitar gastos duplicados. Em vista do fato de que nossa estrutura depende, em parte, de nossa própria pesquisa e, em parte, de idéias prontamente disponíveis em domínio público, não prevemos problemas específicos de direitos de propriedade intelectual. Ao contrário do Bitcoin, será rápido, escalável e ecológico. Também será amigável às transações devido à sua baixa volatilidade em relação às moedas fiduciárias, sem mencionar as criptomoedas.

(*) Moeda de reserva são moedas fortes como Dólar e Euro.

Foi divulgado ontem, 09/09/19 pela empresa OpenZeppelin especializada em segurança de infraestrutura de Blockchain a descoberta de uma vulnerabilidade no projeto Libra. A falha estaria no compilador MOVE IR. Segundo explicação da empresa OpenZeppelin a vulnerabilidade poderia permitir que atacantes pudessem desviar saldos das carteiras com falsa indicação de que a carteira estaria congelada e seria liberada posteriormente, quando na realidade os saldos já teriam sido transferidos para outra carteira. A falha permitia que fossem incluídos linhas de códigos disfarçados de comentários. Após o alerta a falha foi corrigida segundo informação da própria OpenZeppelin.

Segundo notícia publicada no site Reuters em 04/10/19 a empresa PayPal não é mais uma das empresas sócias do projeto Libra. É a primeira empresa que abandona o barco, mas rumores indicam que as grandes administradoras de cartões de crédito Visa e Mastercard podem ser as próximas. Pelo menos é o que diz a notícia do Wall Street Journal com data de hoje, 06/10/19. O que estaria afastando estas grandes empresas “seria” as grandes dificuldades no campo da regulamentação em diversos países.

Após a saída do PayPal mais quatro membros fundadores do projeto Libra desembarcaram oficialmente segundo informações divulgadas ontem, 11/10/19: Visa, Mastercard, Ebay e Stripe. Também se afastou do projeto a plataforma de pagamentos criada dentro do Mercado Livre, que é conhecida como Mercado Pago.

A sexta empresa que desistiu da Libra é a Booking que entre empresas é dona da ‘Booking,com’ e do Kayak. O ponto em comum das seis empresas que desistiram até aqui é que Booking, Visa, Stripe, Mastercard, Paypal e Ebay tem sede nos Estados Unidos.

Tá parecendo que não vai sobrar ninguém :smiley:

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