Investidores Institucionais Estão Comprando – Tese de Investimento em Bitcoin

Disclaimer/Aviso Legal : O Autor e o site não estão orientando, indicando nem sugerindo a realização deste tipo de investimento e não se responsabilizarão por qualquer perda ou prejuízo causado pela realização de qualquer compra ou investimento em criptomoedas. Se eventualmente você está interessado neste tipo de investimento ALTERNATIVO procure se informar antes e de forma detalhada sobre o funcionamento deste mercado, do ativo que foi escolhido e principalmente sobre os riscos de investir em ativos digitais.

II – Tese de Investimento em Bitcoin da Fidelity (a)

A Fidelity Digital Assets (b)

A Fidelity é uma empresa americana de gestão de ativos com sede em Boston. Tem 12 escritórios regionais e 190 escritórios locais em praticamente todos os estados americanos. Tem cerca de 45 mil funcionários sendo 5 mil na sede, em Boston. A Fidelity atende mais de 32 milhões de investidores individuais e administra programas de benefícios para funcionários de mais de 22 mil empresas americanas. Com base em dados de junho/2020 o total de ativos dos clientes sob sua gestão era de 8.3 trilhões de dólares equivalente a cerca de 45 trilhões de reais. Os clientes da Fidelity realizam mais de 2 milhões de transações por dia no mercado financeiro.

Em 2015 a Fidelity já facilitava a compra de criptomoedas para seus clientes. Em outubro de 2018 a Fidelity criou uma empresa voltada especificamente para a gestão de ativos digitais, a Fidelity Digital Assets .

Os serviços que ela oferece no segmento de ativos digitais são basicamente os seguintes: custódia de ativos digitais em carteiras seguras (se você já tem as criptomoedas), compra e faz a custódia (se você quer comprar e deixar as criptomoedas sob custódia deles) e indica investimentos aos seus clientes (faz relatórios com análises, tendências etc.).

Para oferecer esse tipo de atendimento aos clientes é preciso fazer análises e estudos detalhados do próprio ativo, do mercado, do cenário atual numa visão mais ampla e analisar as perspectivas futuras dos ativos indicados, escolher e ouvir pessoas influentes e diretamente envolvidas no processo (investidores , analistas, gestores da indústria de ativos digitais etc.) para saber quais são suas teses e conjugar todos os dados obtidos para elaborar relatórios para seus clientes.

Entre o mês de novembro de 2019 e início do mês de março de 2020 a Fidelity Digital Assets fez uma pesquisa © com cerca de 800 investidores institucionais dos Estados Unidos e da Europa. A pesquisa revelou que um número crescente desse tipo de investidor acha que os ativos digitais devem fazer parte do seu portfólio. Esse número é maior na Europa do que nos Estados Unidos. Quase 80% dos entrevistados tem algum interesse em ativos digitais e cerca de 36% declararam possuir ativos digitais em seu portfólio. Isso pode ser constatado na primeira parte desta postagem.

Com base no resultado dessa pesquisa a Fidelity Digital Assets está emitindo uma série de relatórios tendo com título principal “BITCOIN INVESTMENT THESIS” (em tradução livre: Tese de Investimento em Bitcoin) . Como são relatórios com uma visão do bitcoin como alternativa de investimento (e) o foco é essencialmente financeiro. Para publicar relatórios otimistas sobre o provável e promissor futuro do bitcoin é preciso entender o que está por trás do bitcoin. Os aspectos da tecnologia são tratados de forma simples, direta e objetiva, sem entrar em detalhes muito técnicos porque não é o foco do trabalho. É possível falar da tecnologia e do Blockchain de uma forma clara e focada naquilo que interessa aos investidores. Outro aspecto que vale a pena ressaltar é o momento em que os relatórios estão sendo publicados, após o início da pandemia e já incorporando no estudo os eventuais efeitos decorrentes da pandemia nas decisões de investimento dos especialistas que contribuíram no processo de elaboração do relatório. O primeiro relatório publicado em julho de 2020 tem como subtítulo: “ AN ASPIRATIONAL STORE OF VALUE” (em tradução livre: Uma Promissora Reserva de Valor) . (d) O segundo relatório foi publicado em outubro de 2020 e tem como subtítulo : “BITCOIN’S ROLE AS AN ALTERNATIVE INVESTMENTO” (em tradução livre: Bitcoins Como Investimento Alternativo). Os links dos relatórios estarão no final de cada texto para cada um analisar e buscar as suas próprias conclusões. Segue um resumo dos principais pontos abordados no primeiro relatório.

Relatório publicado em julho de 2020 - Uma Promissora Reserva de Valor

Fatores apontados no relatório que fazem o bitcoin ser considerado promissor como uma reserva alternativa de valor:

  1. Existe a percepção de que ainda não foi amplamente aceito dentro do universo de investidores institucionais. Aparentemente os investidores institucionais ainda não se convenceram e na dúvida entre o bitcoin e outros ativos alternativos, boa parte ainda escolhe outros ativos alternativos. Um dos motivos desta escolha ainda é o pouco conhecimento desta tecnologia. Na medida em que ela se tornar mais conhecida e seus fundamentos se tornarem mais difundidos seu potencial deverá crescer. Outro motivo que afeta essa escolha é a volatilidade, que é tratado no item 2.

  2. A volatilidade que assusta investidores tradicionais também é vista como algo positivo porque atrai atenção e pode, por exemplo, impulsionar a criação de novos produtos que possam se beneficiar desta volatilidade. O que explica em parte essa volatilidade é a sua oferta inelástica, sua negociação ininterrupta em qualquer lugar do mundo vinte e quatro horas por dia, inclusive nos finais de semana e feriados, sua exposição nas redes sociais com notícias que nem sempre se confirmam mas ajudam na disseminação e no ingresso de novos participantes investindo ou desenvolvendo produtos e serviços. Entre os que já investem e tem algum conhecimento da tecnologia existe a percepção de que o bitcoin ainda é um investimento alternativo em fase inicial e, portanto, sujeito a maior grau de volatilidade. Com o passar do tempo, com maior aceitação e adoção por parte de grandes investidores seu valor (preço) tende a aumentar, mas em algum momento deve se estabilizar. Nesse ponto a volatilidade deverá diminuir, mas continuará existindo por causa das características já citadas anteriormente;

  3. De acordo com o relatório uma boa reserva de valor deve ter as seguintes características: escassez, portabilidade, durabilidade e divisibilidade. O bitcoin se encaixa nesta categoria, é portável, durável, divisível e escasso. Os analistas e investidores que já compraram enxergam no bitcoin uma rede robusta, descentralizada e baseada na criptografia para fundamentar a confiança na manutenção dessa escassez programada digitalmente. Depois que Larry Tesler criou o comando copiar e colar ( ctrl+c e ctrl+v ) parecia impossível evitar a cópia de um arquivo digital. A poderosa indústria da música e dos filmes não conseguiu criar algo que impedisse as cópias. Até que em 2008 surgiu o Bitcoin aproveitando questões como avanço da computação, criptografia, teoria dos jogos e pagamento de incentivos para criar uma tecnologia chamada Blockchain que literalmente acabou com esse problema. Foi o fim do problema aparentemente insolúvel do gasto duplo e o bitcoin tornou-se praticamente impossível de ser copiado, criando-se a escassez programada digitalmente. Nem mesmo um aumento brutal da quantidade de força computacional dirigido para a mineração dos bitcoins é capaz de afetar essa escassez, o sistema se auto regula de tempos em tempos aumentando ou diminuindo a dificuldade para controlar a emissão de novos bitcoins. Adicionalmente a rede Bitcoin é robusta, com força computacional gigantesca e funciona de forma descentralizada, sem interferência de um agente centralizador.

  4. No médio prazo as baixas taxas de juros, os níveis sem precedentes de estímulo financeiro via emissão de dinheiro e fiscal via redução de impostos (f) e a desglobalização podem ajudar na consolidação do bitcoin como ativo alternativo aceito pelos investidores institucionais. De acordo com o relatório, desde o início da pandemia 285 medidas de estímulo foram implementadas (exemplos: emissão de moeda, concessão de empréstimos e pagamento de benefícios). Essas medidas podem gerar inflação e por consequência gerar perda do poder de compra. Neste tipo de cenário incerto, de acordo com o relatório, os investidores buscam se proteger procurando alternativas seguras como imóveis e metais preciosos. Talvez alguns desses investidores passem a prestar atenção no bitcoin como proteção contra a inflação, os juros baixos e como ativo alternativo com potencial de valorização. Ainda de acordo com o relatório desde a crise de 2008 a globalização está diminuindo e a desglobalização ganhou força com a pandemia. As cadeias de abastecimento globais sofreram os efeitos da Covid19. Países começaram a fechar fronteiras, bloquear aeroportos e atrasar e até suspender exportações principalmente de bens de consumo e de vários bens de produção. As estimativas da OMC – Organização Mundial de Comércio são de uma queda entre 13 e 32% no comércio mundial em 2020 por causa da Covid19.

  5. Os fatores que podem influenciar no longo prazo são dois, uma inflação “lenta e estável” (transcrevo o original: (…“slow and steady” inflation…) e uma grande transferência de riqueza para pessoas mais jovens que são mais favoráveis aos ativos digitais. No longo prazo o objetivo das grandes fortunas é preservar a sua riqueza, traduzido por poder de compra. A longo prazo até o dólar se deprecia e perde poder de compra se ficar exposto a períodos inflacionários duradouros e estáveis. Por causa disso os grandes investidores procuram investir em ativos que preservem e até aumentem o poder de compra no longo prazo. Outro aspecto que é estudado pelos investidores como um possível catalisador da valorização e consolidação do bitcoin como possível reserva de valor é o comportamento da geração “Y” também chamada de millenials, (g) nascidos entre 1981 e 1996. Estudo citado no relatório da Coldwell Bank de outubro de 2019 concluiu que uma riqueza estimada em 68 trilhões de dólares foi transferida para as mãos dessa geração, que é muito mais receptiva as criptomoedas. Outras pesquisas feitas com os integrantes desta geração mostram que eles confiam pouco nas instituições financeiras tradicionais que dizem ter sido feitas para favorecer ricos e poderosos.

Cada um dos fatores acima é abordado com detalhes ao longo do primeiro relatório, incluindo dados e gráficos.

O relatório conclui que o bitcoin tem características que o credenciam para se tornar uma promissora reserva de valor. Para que essa expectativa se mantenha é preciso que a demanda pelo bitcoin continue sendo sustentável. Entre os motivos que podem colaborar para essa sustentação estão as consequências imprevisíveis dos estímulos financeiros e fiscais, que ainda são desconhecidos e a massiva transferência de riqueza para as mãos da geração “Y” que é muito mais receptivo a novas tecnologias e não tem simpatia por grandes instituições financeiras. Diante deste cenário investir uma pequena parte das reservas em bitcoin pode ser considerado como uma espécie de “apólice de seguro” diante das incertezas que se projetam para o futuro ou para ficar num clichê do momento, no mundo pós pandemia .

Para não ficar muito extenso os principais pontos do segundo relatório sairão numa terceira parte.

a - https://www.fidelity.com/about-fidelity/our-company

b - https://www.fidelitydigitalassets.com/overview

c - https://www.fidelitydigitalassets.com/articles/institutional-digital-asset-survey-report

d - https://www.fidelitydigitalassets.com/bin-public/060_www_fidelity_com/documents/FDAS/bitinvthessisstoreofvalue.pdf

e - https://www.blackrock.com/br/recursos/educacao/centro-de-formacao-sobre-investimentos-alternativos/o-que-sao-investimentos-alternativos#alternative-investments

f - https://en.wikipedia.org/wiki/Tax_Cuts_and_Jobs_Act_of_2017
f - https://www.nytimes.com/2018/01/17/technology/apple-tax-bill-repatriate-cash.html

g - https://finance.yahoo.com/news/bitcoin-rivalry-gold-plus-millennial-154337073.html