Ethereum – Shapella Hard Fork – EIP 4895

Como estamos falando para ‘iniciantes” começamos esclarecendo que o nome Shappela é resultado da combinação do nome do município e da cidade Chinesa de Shang-hai e da estrela Capella, que é mais brilhante e parecido, porém maior do que o nosso Sol, que fica na região norte da constelação de Auriga. A título de curiosidade inútil citamos acima que a palavra capella usada na combinação para formar Shapella vem do latim e ao contrário do que se pode imaginar à primeira vista, significa cabrita. Em português capela também serve para identificar pequenos templos geralmente localizados em povoados, cidades pequenas ou locais como fazendas e presídios. Também serve para nos referirmos ao canto solo, sem acompanhamento de instrumentos musicais. A outra palavra usada é chinesa. 上海 - Shàng hǎi, traduzindo 上 = sobre; e 海 = mar, também conhecida como Xangai foi fundada em 4.000 a.C. e a partir de uma vila de pescadores beira mar tornou-se a área urbana mais populosa da China com mais de 26 milhões de habitantes. É até curioso saber que há mais de 6.000 anos já havia gente vivendo ali em Shangai. Perto disso nossos mais de 520 anos parecem pouco. Por acaso é nesta cidade que fica a sede do Banco dos Brics ou do New Development Bank que passará a ser presidida pela nossa ex-presidenta Sra. Dilma.

Mas vamos ao que realmente nos interessa. Inicialmente esclarecemos por que é um hard fork. Como é uma atualização ou caso queiram, um update o EIP 4895 implementa mudanças que já estavam previstas no roadmap do merge do Ethereum. Esta atualização é obrigatória para todos que operam nós da rede Ethereum para permanecerem compatíveis com a Mainnet do Ethereum. Quem não implementar esta atualização no client será direcionado para uma rede paralela fora da Mainnet. Basicamente é isso que caracteriza um hard fork, a separação de uma rede em duas, uma principal que teve alguma atualização ou mudança no client e outra onde os usuários que rodam nós que não fazem a atualização e seguem rodando o client antigo. Não seria o caso de se abordar aqui numa postagem nível “iniciante”, mas existem versões diferentes de client para quem atua na camada de consenso e outro para quem opera na camada de execução. A camada de consenso (também chamada de Capella) é uma espécie de fiscal de tudo. A camada de execução (também chamada de Shangai) tem a ver com a execução de rotinas específicas como no caso dos contratos inteligentes. Outro detalhe que deve ser observado, versões anteriores do client que rodavam na testnet também não serão compatíveis. Finalmente, quando o interessado chega na hora de baixar o client se depara com mais de um. As versões disponíveis de client para a camada de consenso da Mainent do Ethereum são: Lighthouse, Lodestar, Nimbus, Prysm e Teku. Para a camada de execução as versões disponíveis são: Besu, Erigon, go-ethereum e Nethermind. No fundo todas cumprem o mesmo objetivo principal, mas cada um tem alguma coisa, geralmente exclusiva, embutida nele que o torna diferente dos outros. O que cada usuário precisa observar no detalhe é que um ou outro client pode ser melhor para ele porque tem/faz algo que o outro client não tem/faz. Geralmente todos rodam em Linux, Windows ou macOS.

Segundo informações sobre esta atualização publicadas diretamente no blog do Ethereum esta atualização não deve gerar problemas de quebra nos contratos inteligentes. Mas, porém, todavia e, no entanto, cabe a todos que tem contratos inteligentes carregados no sistema realizarem a devida checagem para ver se tudo está dentro do que foi programado.

Ainda de acordo com o blog do Ethereum os simples mortais detentores de ethereum não precisam fazer nada.

Recentemente o Ethereum mudou a forma de validação de novos blocos saindo do modelo prova de trabalho (Proof of Work - PoW) para prova de participação (Proof of Stake – PoS). No modelo prova de participação os mineradores têm que garantir sua “seriedade” através da posse de ethereum. Quanto mais ele tiver mais chances ele terá de se tornar o validador do próximo bloco. Com isso os mineradores passaram a “pegar emprestado” quantidades de ethereum mediante pagamento de taxas ou remuneração (cerca de 4% a.a. podendo chegar a 5%) aos verdadeiros donos. O problema todo é que até agora estes ethereum dos mineradores e “alugado” dos terceiros estavam bloqueados e não podiam ser movimentados ou retirados. Por tabela os ethereum daqueles que “emprestaram” seus ethereum para os mineradores também estavam. Somando ethereum dos próprios mineradores e dos outros usuários que emprestaram ethereum o montante atual que estava bloqueado de ethereum é de cerca de 33 bilhões de dólares ou, se não errei na conta, cerca de 16.5 milhões de ethereum que estavam literalmente bloqueados e agora estão desbloqueados. Talvez nos próximos dias ocorra uma queda no preço devido a uma eventual retirada de ethereum com a implementação desta liberação de bloqueio. Estima-se que até o final do mês de março de 2023, validadores atuando no novo modelo baseado em prova de participação tenham minerado algo em torno de 1.1 milhão de ethereum que equivale a um montante na casa dos 2.2 bilhões de dólares na cotação atual (fonte: Delphi Digital). Cada novo bloco de Ethereum minerado atualmente rende algo em torno de 2 ETH ao minerador (tem um cálculo que precisa ser feito de inflação x emissão etc.). A quantidade mínima de ethereum necessária para alguém entrar na fila de validação (mineração) é de 32 ethereum. Se a quantidade mínima de ethereum de um minerador for menor do que 32 ETH ele fica fora da lista de mineradores aptos a serem escolhidos/sorteados para cuidar (minerar) do próximo bloco do Ethereum. Os blocos de Ethereum são minerados , em média, num intervalo médio estimado de 12 segundos.

Twitter delphi digital ethereum stackec
Imagem printada em 13/04/2023 de: https://twitter.com/Delphi_Digital

A principal mudança a partir de hoje é a possibilidade de saque ou retirada total ou parcial dos Ethereum que estavam “emprestados” por terceiros para os mineradores validadores da rede principal do Ethereum terem mais chances de serem escolhidos (sorteados) para mineração do próximo bloco da rede principal do Ethereum.

Uma última questão que parece bem importante para o universo dos blockchains é que o Ethereum está provando a cada segundo que é possível migrar do PoW para o PoS. Será que já podemos dizer … fica a dica Bitcoin?

Obs.: talvez você que é do meio e se interessa pelo assunto já tenha se deparado com alguma oferta do tipo seus ethereum podem render isso ou aquilo. Pois é, alugar ou emprestar para um minerador pode ser uma destas formas de rentabilizar seus ethereum além de esperar pela valorização dos mesmos. Não estamos recomendando que façam isso e tampouco garantindo que este tipo de operação é seguro e confiável. Cada um deve fazer suas próprias análises e escolhas buscando o que é melhor de acordo com suas expectativas e ambições.

Anúncio da Implementação no blog: Anúncio da Rede Principal Shapella | Blog da Ethereum Foundation

Caso queira entender a questão dos clientes e nós da rede Ethereum: Nós e clientes | ethereum.org

ETH depositados e bloqueados dos validadores: Will $26B staked in ETH 2.0 be unlocked and sold after the merge?

Cálculo da inflação no Ethereum: How The Merge impacted ETH supply | ethereum.org

Uma das possíveis consequências que poderia ser causada pelo hardfork Shapella era uma eventual enxurrada de saques de ETH’s que estavam bloqueados por terem sido deixados em forma de garantia pelos mineradores de Ethereum (Obs.: com a mudança do sistema de validação dos blocos o mecanismo de consenso do Ethereum mudou de PoW - Proof of Work para PoW - Proof of Stake e a partir dessa mudança para participar da rede como minerador é preciso deixar como garantia pelo menos 32 ETH’s. Quanto mais ETH’s o minerador deixar em garantia mais chances ele terá de ser “sorteado” para minerar o próximo bloco. Quando um minerador é escolhido o sistema “trava” 32 ETH que ficam fora do saldo de garantia do minerador por um determinado tempo para ver se o bloco foi minerado dentro das regras. Outro detalhe que é possível notar é uma leve projeção futura de aumento na quantidade de ETH’s bloqueados que tinha caído da casa dos 20 para a região dos 18 milhões durante os dias subsequentes a liberação ou do hardfork.

Conforme gráfico disponível no site nansen.ai abaixo:


Link para o site: Nansen Query