Curso de extensão - Criptoeconomia

Pessoal, conheci o Bitcoin em 2014. Participo regularmente de eventos da comunidade cripto no Rio de Janeiro. Sou graduado em Ciências Econômicas pela FCE/UERJ.

Estava pensando em elaborar um curso de extensão sobre criptoeconomia de 60 horas.

Mas queria desenvolver bem a ideia bem antes de lançar um “MVP do curso”.

Queria começar perguntando se vocês tem alguma curiosidade específica sobre o curso de Ciências Econômicas. Que tópicos acham fundamentais para serem abordados, etc.

Saudações!

Olá Marcus Orégano, seja bem vindo.

Eu acho que a curto prazo dificilmente vamos pagar aquele cafezinho no boteco com bitcoin. Ou seja, em termos de economia doméstica o alcance e/ou penetração será mais voltado para fins de investimento. Já no terreno da economia global eu acho que existem grandes possibilidades, uma delas é o uso das criptomoedas como meio de pagamento em transações (importações/exportações) em substituição ao sistema Swift (Ripple e Stellar estão tentando). Talvez possa substituir também o sistema de garantias usado atualmente para fins de importação e exportação (carta de crédito, fiança, etc.). Tudo isso de forma mais viável (rápido e barato). Outro grande impacto que pode ocorrer é a possibilidade de identificação digital com segurança dentro da internet. Este é um dos grandes pontos que ainda não foram vencidos pela internet que é saber quem realmente está do outro lado (honesto, desonesto, real, robô, etc.). A assinatura digital superou em parte esta questão mas me parece que seu uso ainda é mais comercial.
Ou seja, para seu curso minhas sugestões seriam: impacto das criptomoedas nas transações comerciais internacionais e impacto do blockchain na identificação digital dos usuários na internet.
Abraço.

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Obrigado pela recepção! Ótimos pontos que você levantou.

  1. Meio de pagamento em transações (importações/exportações) em substituição ao sistema Swift (Ripple e Stellar estão tentando).
  2. Sistema de garantias em importação e exportação (carta de crédito, fiança, etc.)
  3. identificação digital com segurança dentro da internet
  4. Assinatura digital: saber quem realmente está do outro lado (honesto, desonesto, real, robô, etc.)

Resumindo:

  • Transações comerciais internacionais
  • Identificação digital

Temas da Economia correspondentes

1 - Problema principal-agente, custos de transações
2 - Custos de transação e enforcement, moral hazard, Teoria da Agência, agente-principal. Teoria dos contratos;
3 - Microeconomia, direitos de propriedade bem definidos, Teorema de Coase
4 - Definição de direitos de propriedade novamente, Teorema de Coase

Estava pensando inicialmente em ter um foco mais voltado para Teoria dos jogos. Nash, Shapley, etc. Jogos estáticos, dinâmicos e assim por diante. Acho que Blockchain cria jogos bem interessantes para se trabalhar. Os assuntos acima são de Microeconomia.

Vamos conversando.

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Ótimos ponto com os quais concordo!

Particularmente, considero que a certificação de identidade digital é uma questão capaz de mudar o modo como inúmeras coisas são feitas de forma exponencial.

Observo a complexidade desse assunto na prática. Pensem no seguinte: porque um órgão público federal, para certificar-se da identidade de um cidadão, usa de uma solução que não é compartilhada por empresas, bancos, estado e município?

Não faz sentido que cada um desenvolva uma solução particular! Isso é extremamente oneroso e atrasa bastante o avanço de projetos inteiros (essa questão está entre as maiores discussões em projetos, envolvendo áreas de Segurança da Informação, TI, Negócios, etc).

Sendo assim, vejo o desenvolvimento de uma solução de identificação digital aceita por diferentes agentes como algo catalisador de uma verdadeira revolução digital.

Alguém conhece alguma solução já operacional nesse sentido?

Abraço,

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Olá Vagner,

Sistema pronto e funcionando que eu conheço é o da OriginalMy, fundada pelo Edilson Osório, um dos pioneiros brasileiros, é só pesquisar pelo nome dele por aí…

https://originalmy.readthedocs.io/pt_BR/latest/24-identidade.html#

Já pensando em termos futuros existem várias empresas de ponta com interesse nesse assunto, como por exemplo a gigante Microsoft. Eu particularmente estou curioso para ver o resultado do projeto abaixo, mas como você mesmo disse, o problema é que todos querem criar um sistema de identificação para chamar de seu.

Na última eleição, o assessor econômico da candidata Marina, André Lara Resende, propôs implantar uma identidade digital no Brasil. Ele citou exemplos da Estônia e India.

Estônia já tem um sistema amadurecido nessa área. India está implantando.

Aqui vi alguns movimentos do governo com o bCPF e bCNPJ, mas são identificações fiscais.

O tópico econômico nesse caso pelo que entendi seria o Teorema de Coase.

Direitos de propriedade estiverem bem definidos

Exemplo:

Alguns direitos de propriedade alocados para Maria (bCPF1) e outros para João (bCPF2). Maria tem um imóvel e João um carro. Esses direitos estão bem alocados entre os dois pois o cursto de identificar João e Maria é baixo. Quanto menores forem os custos não-privados (custos de transação), maiores as chances da situação ser resolvida de forma privada, sem intervenção do governo.

Execução de uma garantia, alienação de um bem, etc. Quanto melhor os direitos estiverem definidos, mais fácil resolver as coisas de forma privada. Futuramente isso pode até a alocar direitos e internalizar custos dificeis como externalidades.

Acho que a identificação digital entra nesse ponto.

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