Criptomoedas & Filmes & Seriados

Fim de semana chegando, o carnaval já acabou, o ano finalmente começou para alguns e a rotina da maioria que certamente já começou em 01 de janeiro segue em frente. Com ou sem corona vírus a vida continua. Para quem investiu em renda variável, principalmente na bolsa de valores a rotina não foi exatamente tranquila como se anunciava. Estas pessoas estão descobrindo na prática o que é exatamente volatilidade. Espero que tenham colocado em renda variável apenas uma parte dos recursos, reservando boa parte para investimentos mais conservadores. Viagem ao exterior então, nem pensar, se não for pelo risco da saúde física pensemos na saúde financeira com o dólar rondando a casa dos 5 reais. No meio de um incêndio, de um furacão, de um tsunami ou de uma crise de liquidez separamos os meninos(as) dos adultos. Grandes fortunas nasceram a partir de momentos como este. Aliás, quando se fala que o investimento em bolsa deve ser feito pensando no longo prazo, é realmente no longo prazo que se vê o resultado, no curto prazo a canoa balança bastante. O importante nestas horas é não afundar, se isso acontecer a viagem acaba antes do destino. Operar alavancado no mercado futuro comprando ou vendendo sem ter recurso em caixa ou concentrar investimento em uma ou duas ações (Petrobrás e/ou Vale) são péssimas ideias, que machucam muito mais nestas horas de crise mundial. E o que se faz numa hora dessas? Como se deve investir em bolsa apenas recursos que podem ficar alocados por bastante tempo o melhor que se faz é esperar e talvez assistir alguns filmes ou seriados.

Existem diversas formas de se classificar filmes cinematográficos. Além dos gêneros clássicos como terror, romance, policial, faroeste e drama alguns se subdividem dentro do gênero principal. No gênero comédia também encontramos comédia romântica, comédia dramática e comédia de ação, por exemplo. Para minha surpresa descobri que atualmente existe uma divisão no gênero documentário, que se chama docuficção. Me parece que um documentário deveria ter como objetivo principal mostrar a realidade de forma mais próxima possível. De alguma forma a narrativa pessoal tenta tomar o lugar dos fatos reais. Já o subgênero docuficção “introduz elementos de uma narrativa ficcional ” de acordo com a Wikipedia. Parece que eu estou ficando velho. Mas fiquem tranquilos, todos ficam velhos, esse é meu consolo.

Assim como os roteiristas adoram pintar todos os “hackers” como malvados, perigosos e “amigo” do terrorista de plantão virou moda pintar criptomoeda como uma típica forma de lavar e esconder grana, que muitas vezes é obtida de forma criminosa ou não convencional.

Na Amazon (Prime vídeos), entre os filmes ou seriados que retratam de forma mais real o mundo dos hackers que são seres humanos como qualquer um de nós eu cito o seriado “Mr. Robot” (é antigo, acho começou em 2015). O seriado contou com a contribuição do conhecido grupo hacker Anonymous . Mesmo não sendo cinéfilo nem crítico de cinema sei que existem outros filmes honestos sobre “hackers”. “Mr. Robot” pode ser abordado sob vários ângulos (filosófico, psicológico, drogas, social etc.). Os entendidos dizem que se aproxima muito da realidade em termos técnicos com uso de recursos como Linux, abertura de portas e instalação de brechas para acesso remoto. Mas não se iluda, esse seriado não vai te ensinar a hackear a NASA. Não é algo maçante e/ou técnico, não ensina como fazer um ataque passo a passo ou linha por linha de código, traça um panorama (com drama) mais genérico. Um close da tela, por exemplo, pode mostrar Linux Kali instalado e sendo usado (no notebook), personagens falam em KDE e Gnome. Quem entende sabe o que isso significa. É claro que como qualquer filme ou seriado tem lá a sua parcela de exageros. Para quem curte ou gosta e ainda não assistiu eu modestamente recomendo. Como curiosidade o protagonista do seriado é interpretado pelo ator Rami Malek que ganhou o Oscar interpretando Freddie Mercury e será o vilão do próximo filme do 007. Para quem curte vídeos existe o canal do Gabriel que mostra como é possível viver nesse mundo sem agir ilegalmente, respeitando fronteiras éticas e legais, prestando serviços para empresas em geral daqui e de fora. E o principal, ganhando dinheiro fazendo o que gosta.

Diolinux sobre Mr. Robot (tem outro vídeo da segunda temporada no canal dele)

Trailer da primeira temporada:

Vídeo do hacker (do bem) Gabriel Pato

Ainda na Prime Vídeos tem um seriado chamado StarUp . Esse ainda está na minha fila para ser visto em breve, por isso deixo apenas uma referência rápida. Apesar do nome remeter ao mundo dos negócios parece que tem ação e drama. Na segunda temporada ambientada em Miami entra em cena a GenCoin que é comprada pelo trio de protagonistas do seriado e para variar, entra em cena a máfia russa (parece fixação dos roteiristas).

Trailer da segunda temporada

Ainda na Prime apareceu o filme “Crypto” de 2019. É um pouco longo, tem mais de 2 horas de duração. No YouTube é possível alugar por R$ 11,90 mas sinceramente, não vale o preço para ver apenas uma vez. É um filme policial americano típico (familiares em conflito, FBI em ação dando tiros e prendendo os malvadões, máfia russa etc.). Pelo resumo do filme que traz as palavras fraude, corrupção e roubo já se desconfia que seja mais um daqueles filmes que retratam o mundo cripto de forma irreal, bem distante da realidade. Apesar do título fazer supor que teria muito coisa do mundo crypto esta parte ocupa uns 20% ou menos do filme. Parece que houve uma consultoria para evitar alguns clichês. Os personagens envolvidos com o lado crypto até se esforçam para tentar mostrar o que é como funciona falando e mostrando mineração, carteira digital etc. Mas é difícil desvincular lavadores de dinheiro e criptomoedas num filme desse tipo. Como dizem os sábios, se não vai ajudar não atrapalhe, mas vai lá dizer isso para os roteiristas de hollywood .

Trailer do filme:

Pulando para a plataforma Netflix, foi lançado a nova temporada do seriado de ficção científica “Altered Carbon”. O seriado avançou uns 30 anos em relação a temporada anterior. De acordo com esse seriado, por volta do ano 2.410 moedas como bitcoin, monero, zcash e litecoin farão parte do dia a dia. É uma menção rápida, mas indica o reconhecimento das criptomoedas como parte de um futuro sem dinheiro impresso em papel ou cunhado em metais.

Trailer da segunda temporada:

Entre uns poucos roteiros mais honestos que retratam de forma mais razoável o mundo das criptos e uma grande maioria que liga o mundo cripto ao submundo (fraude, corrupção, darkweb & drogas, assassinatos etc.) a vida real segue quadro a quadro ou minuto a minuto. Existem seriados que trocam os roteiristas e isso explica algumas mudanças de opinião a respeito deste ou daquele tema.

Roteiristas do seriado “Billions”, já retrataram criptomoeda como forma de pagamento de suborno que não seria rastreável. Por outro lado também já abordou a realização de uma ICO - Initial Coin Offering , como uma forma de se obter fundos numa das temporadas. Focado no mundo financeiro tem como personagens centrais um gestor de fundo de investimento Bob Axelroad e o promotor Chuck Rhoades que é o antagonista (tipo mocinho mas nem tanto). Ainda na Netflix, do lado mais realístico eu cito um episódio do seriado “The Good Wife” ambientado no mundo dos Tribunais Americanos. Como eles gostam de fazer filmes e seriados envolvendo advogados e promotores por lá. Num dos episódios a personagem principal do seriado, a advogada Alicia Florrick atende um personagem que teria criado um novo tipo de dinheiro virtual. Para tentar entender como funcionaria esse dinheiro digital a advogada conta com a ajuda dos filhos adolescentes. Neste episódio o mundo Bitcoin foi mostrado de forma honesta, com alguns detalhes corretos deste “dinheiro virtual” sem fazer ligação com algo desonesto ou criminoso.

Billions e ICO (O lado bom)

Billion e suborno (O lado ruim)

Episódio do The Good Wife

Aos que estão chegando agora, numa postagem anterior eu citei o filme Trama Internacional (The International) estrelado por Clive Owen que faz o papel de um agente da Interpol que investiga comércio internacional de armas. A trama se desenrola em torno do BCCI - B ank of Cred it and Co mmerce In ternational que existiu realmente, foi um dos maiores bancos do mundo, mas era usado para encobertar transações criminosas e acabou sendo fechado após muitas investigações e acusações. Segundo um dos supostos criadores do Bitcoin que se apresentou em 2019 como sendo o verdadeiro Satoshi Nakamoto seu pai teria trabalhado nesta instituição financeira e o nome bitcoin teria sido criado a partir de algumas letras extraídas do nome desse banco B + it + Co + In. Mas neste caso, até por ter sido lançado em 2009, não faz nenhuma menção a criptomoedas.

O Mr. Robot é um seriado que me surpreendeu quanto ao uso das tecnicalidades da área da segurança digital, sobretudo da vida de pentesters e crackers. Mas é como você disse, nenhum seriado é perfeito. Minhas principais reservas são acerca da falta de zelo de grandes corporações quanto à segurança física. O Elliot e até a Ângela, que não é uma cracker experimentada, invadia espaços confidenciais de megacorporações com relativa facilidade.

Algo que sempre me chamou atenção nos filmes e seriados que colocam hackers/crackers é a facilidade com que essas pessoas conseguem inferir a senha de sistemas apenas usando indução com base no que conhecem das pessoas que querem atacar. E às vezes descobrem essa informação no lugar onde os computadores estão instalados, em alguma lombada de livro, cartaz fixado na parede, algo deixado em cima da mesa.

1 curtida