A Dominância Global é Para Poucos

“Sob tortura, os números dizem qualquer coisa” segundo Lúcio Castro da agência de jornalismo investigativo Sportlight. A partir dessa frase vamos olhar alguns números considerando a dominância do Bitcoin entre as criptomoedas e de alguns dados relacionados ao mundo da internet.

Os dados foram planilhados a partir de informações obtidas no site statcounter, coinmarketcap e analytics com base em outubro de 2024. (links no final da postagem).

Olhando para o futuro é claro que praticamente quase tudo neste mundo pode mudar radicalmente de um momento para outro. Uma guerra mundial que está se tornando possível para alguns especialistas em geopolítica, como é o caso do prof. HOC (Heni Ozi Cukier), pode virar o mundo de cabeça para baixo, inverter papéis etc. Com base no que já transcorreu ao longo dos últimos anos que é o lado mensurável deste mundo, temos dados para olhar e refletir como as coisas caminharam e refletir como poderá ser, ou não ser.

O dado mais representativo e revelador é o caso do Windows. Desde 1985 o sistema domina o mundo dos desktops (PCs). Não importa se o Linux, que no ranking geral entre PC’s e smartphones não aparece nem entre os 4 primeiros colocados perdendo para o Android e para o IOS (Apple), mesmo sendo gratuito e reconhecidamente muito mais seguro. Ano após ano o Windows segue reinando entre os desktops, mesmo sendo muito caro para quem compra a licença oficialmente e bastante inseguro. Por outro lado, o Windows falhou miseravelmente no mundo dos celulares mesmo que tenha tentado, esse setor é dominado pelo Android (71%) que nasceu em 2003, foi comprado pelo Google em 2005 e a primeira versão foi lançada em 2008, Google que lidera com muita folga entre os mecanismos de busca. Para não deixar os fãs do Linux triste ou revoltados, o Android é baseado no kernel (parte central do sistema) do Linux.

Entre os mecanismos de busca, tanto no caso dos desktops (72%) como nos celulares (88%) o domínio é do Google.

No geral o panorama no ranking das redes sociais também é de dominância, o Facebook domina (60%), seguido de longe pelo Instagram (11%), Pinterest (9%) e Twitter (8%). Todavia eu desconfio que a maioria dos usuários acessam suas redes sociais usando um smarphone e isso se reflete nos números totais. Nos celulares o Facebook lidera (64%) seguido de longe pelo Instagram (12%). O percentual do Facebook (35%) cai pela quase perto da metade de usuários quando se olha os dados dos PC’s em termos de uso para acessar as redes sociais. A capacidade tecnológica e a mobilidade transformaram o mundo. Especificamente no cenário brasileiro, em termos de redes sociais e considerando todas as plataformas, Facebook (31.7%) e Instagram (31.6%) estão praticamente empatados com Pinterest (17.5%) em terceiro com o YouTube (14.4%) em quarto.

Um terreno que ainda está começando a se consolidar é o da Inteligência Artificial. Não é novidade que neste momento a Nvidia lidera o mercado de chips voltados para equipamentos utilizados nos Data Centers, essenciais para as IA’s. Os números desse domínio estão acima de 90% do mercado e não custa lembrar que os outros concorrentes são do calibre da Intel e AMD. Já no caso das plataformas existe um equilíbrio com a OpenAI liderando (39%) seguido pela Microsoft (30%) e uma cesta com várias empresas somadas totalizando pouco mais da metade do percentual da segunda colocada, a Microsoft.

E no caso das criptomoedas o domínio do Bitcoin segue firme desde que nasceu em 2009. Em meados de novembro de 2024 o Bitcoin domina quase 60% do mercado, vale quase 2 Teslas. Com o Bitcoin valendo quase 93 mil dólares por volta das 14:00 horas do dia 13/11/24 o valor de mercado do Bitcoin gira na casa dos 1.8 trilhão de dólares enquanto o valor de mercado da Tesla é de pouco mais de 1 trilhão de dólares. A Petrobrás, por exemplo, tem valor de mercado em torno dos 500 bilhões de Reais, pouco mais de 86 bilhões de dólares considerando o dólar a 5.80 nesta data.

O Windows reina desde 1985, o Android desde 2008 e o Bitcoin desde 2009, mas existe o outro lado da história. Havia sistemas dominando a coisa toda por muito tempo até que em algum momento da história acabaram dançando, mesmo nas mãos de gigantes. Um dos exemplos mais conhecidos é o mundo dos navegadores que era dominado pelo Internet Explorer da Microsoft até que em 2008 o Google que já era muito grande lançou o navegador Chrome, com vários mais (leve, rápido etc.) e passou a dominar esse segmento. Uma concorrência travada entre gigantes.

O que se conclui de forma rasa é que praticamente nada é impossível principalmente no terreno dos sistemas e aplicativos baseados em internet, aparelhos móveis e computadores de mesa. Todavia se alinharmos de um lado a dominância de poucas empresas e seus respectivos produtos ao longo do tempo e do outro os casos que conseguiram mudar esse cenário veremos que a balança tende para o lado dos dominantes a longo prazo. Uma mudança no cenário já consolidado não é impossível, mas o grau das dificuldades que terão que ser superadas é gigantesco, até mesmo para outros gigantes. Ou seja, aparentemente não é simples e/ou fácil ocupar o lugar de quem já está dominando a parada toda por algum tempo. No campo da administração é bastante conhecida a teoria de Michael Porter que lista vários tipos de barreiras de entrada que dificultam, atrasam e até impedem que novos entrantes possam concorrer nos segmentos já dominados por outras empresas.

Neste momento, perto do final do ano de 2024, talvez o uso da Inteligência Artificial se torne o centralizador do futuro de todos os que dominam seus respectivos setores (navegadores, mecanismos de busca, redes sociais, criptomoedas etc.). Neste momento a palavra ChatGPT da empresa OpenAI ainda é meio que um sinônimo de Inteligência Artifical para a grande maioria dos pobres mortais. É um processo ainda em fase inicial abocanhando bilhões de dólares dos investidores prometendo entregar muita coisa boa ou nem tanto. Agora na largada a OpenAI lidera mas outros gigantes não querem ficar de fora. Pra variar, a briga deve se concentrar entre gigantes.

Veremos como serão os próximos dias, semanas, meses e anos. O mundo está aí para ser enfrentado.

Vamos aos números globais:

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