O que são ICO's?

Este tópico é destinado à pessoas que não sabem o que é um ICO e querem entender o que o termo significa e os riscos envolvidos.

Nota: Para entender um ICO, você primeiro precisa estar bem familiarizado com criptomoedas em geral. Se você ainda não se sente confortável com o tema, sugiro que procure os tópicos da seção de iniciantes.

No artigo da wikipedia você encontra uma explicação inicial sobre o tema. Aqui daremos mais algumas informações adicionais para facilitar a compreensão.

O que é um ICO, afinal?

A comparação mais próxima que temos para um ICO seria um IPO.

IPO (Initial Public Offering) = Oferta pública inicial
ICO (Initial Coin Offering) = Oferta de moeda inicial

Ok, mas o que é um IPO, antes de qualquer coisa?

Bem, quando uma empresa de capital fechado resolve abrir seu capital e vender ações dela pela primeira vez, chamamos isto de IPO.

Acionistas irão avaliar a empresa (se é uma empresa boa, se dá lucro, se o setor está em alta, etc), e decidem se irão participar da oferta e, por fim, comprar ações.

Um ICO é igual, mas ao mesmo tempo diferente:

Quando uma empresa ou grupo decide lançar uma nova moeda, ela pode fazer através de um ICO, que funciona como um mecanismo de captação de capital para financiar o projeto, e na maioria das vezes oferecem alguma vantagem como incentivo para os investidores.

Como funciona um ICO?

Primeiramente o time deverá disponibilizar um white paper (artigo descrevendo o projeto). Tentarão mostrar porque a moeda terá valor, quais as qualificações do time envolvido com o desenvolvimento, e outras informações importantes para alguém querer “patrocinar” o projeto.

Investidores que acharem que a moeda tem um potencial interessante de valorização decidem então participar da oferta enviando dinheiro (bitcoin, ethereum, etc) para o time, e em troca recebem uma quantidade estipulada desta nova moeda. (cada ICO tem um formato de contribuição, portanto varia muito de projeto para projeto)

Note que este é um investimento de alto risco, pois nada garante que a moeda lançada terá valor de fato.

Claro que com maiores riscos, também há maiores chances de retorno… e de perda.

A moeda lançada pode se valorizar muito, mas, como todo investimento de risco, também pode se desvalorizar e você acabar no prejuízo.

Por este motivo investir em ICO’s não é algo que eu recomendaria para iniciantes.

É arriscado participar de um ICO?

Se você leu até aqui, já entendeu que participar de um ICO ruim pode ser um risco muito grande.

Mas não é só isto: aonde tem dinheiro, tem gente querendo aplicar golpe.

Se você já entende de criptomoedas, sabe que é um terreno fértil para quem gosta de aplicar golpes (scam).

Lembre-se:

Não existe forma de reverter uma transferência na blockchain.

Portanto, uma vez que você transfira o seu dinheiro para participar de um ICO, não tem volta!

É aí que muitos acabam caindo no conto do vigário.

Alguns ICO’s são na verdade golpes: Não existe projeto, não existe time, não existe nada além do site.
Uma vez que eles tenham arrecadado o suficiente: PUF!! Somem do mapa com o dinheiro de todo mundo.

Isto já aconteceu diversas vezes, portanto é importante que você leia muito bem o white paper (que em muitas vezes só existe em inglês), entenda o valor do que está sendo proposto, procure o histórico das pessoas que integram o time, e nunca invista só porque você “ouviu falar” que certo projeto vai bombar.

No mundo de criptomoedas o que sobrevive é o que tem valor genuíno. Hypes existem, mas não sustentam valor.
É importante notar que algumas moedas tem valorização brusca e imediata, e logo desvalorizam, e outras moedas tem potencial de aumento de valor no longo prazo.

O próprio Ethereum demorou mais de ano para ter um aumento significativo de valor. Quem segurou firme com suas moedas, hoje está muito feliz.

Cada caso é um caso. Se você investiu em um ICO, e vê valor na moeda, aguarde e talvez terá surpresa daqui uns anos. Quem sabe?

Aonde pesquisar sobre ICO’s?

Existem vários sites especializados em ICO’s. Listaremos alguns aqui para você iniciar suas pesquisas sobre o tema:

E para discussões em Português, encorajamos utilizar a seção de ICO’s aqui da TriboCrypto.

Existe Legislação?

Sim. Em muitos países ICO’s têm sido banidos, como recentemente aconteceu com a China.

Já no Brasil, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) se posicionou no dia 11/10/17 com a seguinte nota:

Portanto estes são fatores também a se considerar ao decidir participar de uma oferta.

Conclusão

Neste artigo você entendeu brevemente o que é um ICO, os riscos e as oportunidades envolvidas.
Antes de participar de um ICO, recomendamos que você:

  • Leia o white paper
  • Entenda o valor proposto pela moeda.
  • Participe dos canais de comunicação (slack, facebook, grupos, etc)
  • Pesquise sobre os integrantes da equipe
  • Acredite de verdade no valor do projeto
  • E como sempre: Não invista aquilo que você não pode perder.

Tem alguma dúvida sobre ICO? Crie um tópico aqui na TriboCrypto.
Vamos construir uma comunidade cada vez mais forte.

Gostaria de incrementar esta discussão ou contar suas experiências com ICO? Comente aqui em baixo.

2 curtidas

Olá Criptomaníacos!

Como sou iniciante estou lendo todas as postagens desde o início. No caso deste tópico vou acrescentar alguns pontos, pedindo licença desde já ao autor, Tiago.

O papel da CVM – Comissão de Valores Mobiliários é disciplinar, fiscalizar e penalizar a emissão de valores mobiliários (ações, debêntures, cotas de fundos de investimento, contratos futuros de opções e derivados de outros valores mobiliários, notas comerciais, etc.) por empresas não integrantes do Sistema Financeiro. Resumindo: a empresa pega dinheiro agora e entrega uma promessa de reembolso futuro acrescido de algum retorno (notas comerciais) ou de uma perspectiva de retorno ou de valorização (ações). A diferença entre investir dinheiro num banco em troca remuneração futura e “colocar” dinheiro numa ação, debênture ou outro papel em troca de retorno futuro, entre outras questões, é que são guarda chuvas diferentes. Os bancos estão sob o guarda-chuva do BCB - Banco Central do Brasil e as empresas em geral (não financeiras) estão sob o guarda-chuva da CVM – Comissão de Valores Mobiliários, classificado como órgão de apoio do sistema. Ambos estão sob um guarda-chuva maior, o Sistema Financeiro Nacional.
Me parece que enquanto não for definido legalmente o que são as “moedas virtuais” (ativo ou meio de pagamento, ou ambos!) será impossível a CVM atuar (aprovar) as ICO – Initial Coin Offering. O motivo é simples, existe uma estrutura legal (leis, decretos, normas, etc.) vigente que define o papel e as regras pelos quais a CVM pode atuar. Se “moedas virtuais” não existem legalmente (ainda não existe lei no Brasil regulando este tema, talvez possa ser o PL 2.303/15), resta aos órgãos públicos e autarquias em geral apenas a função de reprimir e alertar a população quanto aos riscos. É o que tem feito a CVM e o Banco Central, analisar eventuais ofertas de ICO, tentar enquadrá-las nas regras atuais (dificilmente os requisitos legais serão cumpridos, o processo será demorado e certamente ficará inviável), ou seja, até o momento não houve nenhuma ICO aprovada pela CVM, como ela mesma afirma. Pode até existir pontos em comum entre IPO e ICO mas se apenas um deles não for atendido, o pedido não deverá ser aprovado pela CVM. Simplesmente porque nenhum agente público pode fazer algo que não esteja previsto em lei ou norma já publicada.
Por isso os alertas dados pelo Tiago devem ser levados a sério. Existe uma frase já batida sobre colocar dinheiro em “moedas virtuais” e/ou em ICO de quem já está nesse ramo a algum tempo: “coloque o dinheiro da pinga, nunca coloque o dinheiro do leite”.
Mas não é pelo fato de não ter aprovado nenhuma ICO que a CVM desconhece o assunto ou que seus técnicos não estejam cientes do que são as ICO e também as “moedas virtuais”. Após o posicionamento publicado em outubro (o link foi postado pelo Tiago acima) a CVM publicou um FAQ em novembro/17 sobre o assunto onde define entre outras questões qual é o conceito de ICO e de Exchange (empresas que fazem intermediação de “moedas virtuais”, modalidades de ICO, riscos, etc. Para quem se interessa pelo assunto segue o link: http://www.cvm.gov.br/noticias/arquivos/2017/20171116-1.html . O Banco Central também divulgou um FAQ bem simples sobre “moedas virtuais” para quem se interessar segue o link: http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/moedasvirtuais.asp?idpai=FAQCIDADAO .

A propósito no canal do Fernando Ulrich tem uma entrevista feita com o Edilson Osório da OriginalMy sobre as dificuldades que ele enfrentou ao tentar fazer a ICO da empresa dele. Não consigo colocar o link porque estou limitado a 2 links por postagem mas é fácil achar os dois vídeos da entrevista (muito legal) lá no canal do Fernando Ulrich no YouTube.

Pessoalmente entendo que é fundamental aprovar o PL 2.303/15 ou mesmo que seja feito outro projeto de lei visando a regulamentação deste assunto, já que o PL 2.303/15 não trata só de “moedas virtuais”, quer regular a questão dos programas de milhagem. E que sejam respeitadas as inúmeras pessoas que compareceram e contribuíram com seu precioso tempo durante os debates realizados na Câmara dos Deputados na Comissão que analisa o PL 2.303/15. A partir da aprovação de uma lei que traga o assunto para a legalidade jurídica os demais órgãos e autarquias poderão estabelecer regras e parâmetros para a institucionalização deste assunto, que cada vez mais fará parte do nosso dia a dia.

1 curtida

Um estudo realizado no Boston College, que tem o sugestivo título de “Digital Tulips? Returns to Investors in Initial Coin Offerings “ apurou que foram lançados um total de 4003 projetos que podem ser classificados como ICO e o montante total atinge a cifra de 12 bilhões de dólares, ou cerca de 45 bilhões de reais.

https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-07-09/half-of-icos-die-within-four-months-after-token-sales-finalized

Deste volume os autores analisaram efetivamente 2.390 ICO’s lançadas principalmente a partir de 2017 focando a pesquisa no retorno oferecido por este tipo de captação. O trabalho ainda foca na relação destas ICOs com twitters sobre estes tokens e como esses twitters influenciam no preço do token. A pesquisa é de autoria de Hugo Benedetti (hugo.benedetti@bc.edu) e Leonard Kostovetsky (kostovet@bc.edu) publicado em 20 de maio de 2018. Mas a principal conclusão desta pesquisa não está na comprovação de que o preço dos tokens é influenciado por twittes e sim que mais da metade das ICOs (56%) não sobreviveram 4 meses após o seu lançamento (da oferta inicial). Numa conta rápida, 56% de 12 bilhões é algo em torno de 6,72 bilhões de dólares ou trazendo para a nossa moeda, algo próximo de 25 bilhões de reais. O trabalho não chega ao ponto de apurar quanto efetivamente foi arrecadado por cada ICO, porém podemos concluir com certeza que muita riqueza trocou de mãos nessa brincadeira. Por outro lado, a pesquisa não demoniza as ICOs dizendo que é de alto risco porém os retornos são altos já nos primeiros dias de negociação. Também conclui que pode ser uma boa forma de se captar recursos principalmente para abertura de novas empresas. Os tokens negociados principalmente na fase pré-ICO são subvalorizados (vendidos com abatimento) e nos casos em que as ICO’s representam projetos sérios o retorno pode atingir até 82% em um ano. A pesquisa avaliou que nos primeiros 30 dias os retornos podem chegar a 48%. Os dados apurados na pesquisa podem indicar que ICO’s são bolhas (daí vem o título Tulipas Digitais), principalmente devido aos resultados expressivos atingidos logo no início, mas também conclui que estes altos retornos proporcionados pelas ICOs podem representar uma compensação ao investidor por ter se arriscado e colocado seu dinheiro neste tipo de captação que ainda não se encontra devidamente regulado.

A pesquisa completa (em inglês) pode ser acessada abaixo:

https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3182169

1 curtida

Outro estudo foi realizado por analistas de uma empresa chamada Satis Group analisou o ciclo de vida e classificou as ICO’s com base em alguns critérios definidos pelos autores para as diversas fases de uma ICO. A pesquisa completa tem cerca de 30 páginas. Encontrei no “Medium” um resumo publicado com a parte que nos interessa das ICO’s, referente ao sucesso ou não delas.

https://medium.com/satis-group/ico-quality-development-trading-e4fef28df04f

A pesquisa concluiu que 78% de todas as ICO’s podem ser consideradas meros “scams” e somente 15% das ICO’s efetivamente chegam a ser negociadas nas Exchanges. O autor do texto no “Medium” fez uma pequena inversão no texto dele trocando os títulos nas definições de SUCESSO e EM QUEDA, mas eu ajustei na minha versão.

Esta parte do texto original em inglês referente a qualidade das ICOs consta nas páginas 23 e 24. Na página 21 tem uma lista dos países onde mais foram lançadas ICO’s nos anos de 2017 e 2018. Segue link do texto original na íntegra:

https://research.bloomberg.com/pub/res/d28giW28tf6G7T_Wr77aU0gDgFQ

Como esta parte foi publicado no Medium acredito que não teremos problemas com relação a direitos autorais.

Scam Identificado (pré-negociação): Qualquer projeto que expressasse a disponibilidade de investimento da ICO (disponibilizado por meio de publicação em site, anúncio ou postagem em mídia social com um endereço de contribuição) porém não tinha intenção de cumprir as obrigações de desenvolvimento do projeto com os fundos, e / ou foi considerado pela comunidade como fraude (notícias indicando tratar-se de fraude em mensagens, site ou outras informações on-line);
Falhou (pré-negociação): Conseguiu angariar fundos, mas não completou todo o processo e foi abandonado e / ou os fundos foram reembolsado aos investidores porque o financiamento obtido foi considerado insuficiente (pouco capital para o projeto).
Prestes a morrer (pré-negociação): Conseguiu angariar fundos e concluiu o processo, no entanto, não foi listado nas trocas para negociação nas Exchanges e não recebeu nenhuma contribuição para seu código no Github em uma base contínua de três meses a partir do lançamento nesse período.
Sucesso (entrou em negociação): Conseguiu angariar fundos, concluiu o processo, foi listado em pelo menos uma bolsa de criptomoedas, começou a ser negociado e tem todos os três critérios de sucesso a seguir:
• Implantação (em fase de teste ou beta, no mínimo) com blockchain / livro razão distribuído (no caso de um protocolo de camada base) ou produto / plataforma (no caso de um token de aplicativo / utilitário);
• O projeto tem um roteiro transparente publicado em seu site;
• Recebeu contribuição para o código no Github em um período de três meses.
Promissor (negociação): É a mesma definição de sucesso, mas tem apenas dois, ou seja, não tem todos os três critérios de sucesso acima listados;
Em queda / Diminuindo (negociação): É a mesma definição de sucesso, no entanto, tem no máximo um ou pelo menos parte de um dos critérios de sucesso acima.

Considerando a classificação acima (Scam, falhou, prestes a morrer, sucesso, promissor ou em queda/diminuindo), em base percentual considerando a quantidade total ICOs, concluímos que 78% dos ICOs podem ser classificados como scams, 4% falharam, 3% estavam prestes a morrer e somente 15% dos ICO’s passaram a ser negociados em uma Exchange.

1 curtida

Ótima explicação de como alertar os investidores sobre a situação do ICO investido. Muito bom!
O que falta nesse novo tipo de investimento é um facilitador de análise da proposta de valor e o cenário do mercado em que a proposta do ICO propõe se posicionar.

2 curtidas